Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

sexta-feira, dezembro 31, 2004

A dúvida

A Dúvida... a eterna dúvida!... Será que vale a pena continuar a massacrar-nos com sentimentos que não valem a pena?... E a dúvida sobre alguém? É que existem pessoas que cimentam essa dúvida, deixam-na agarrada ao chão como uma árvore se enraíza desesperadamente ao solo para poder viver... que amordaçam essa dúvida, sem hipótese de movimento... é esta violência que não sei se merece ser vivida... injustiça? Alguém me diz?...

Ela permanece...

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Enjoy the silence

O silêncio... diz-me aquilo que não queres dizer... não uses as palavras... deixa os olhos falarem...deixa-os mudar, deixa-os gritar... sim, gritar o silêncio... suspira e deixa o teu rosto ser consumido pela passividade do mundo, deixa-o estremecer com o arrepio das palavras que jamais serão ditas... esquece o som, escolhe o silêncio... deleita-se com a vontade devoradora do olhar... grita-te, expulsa-te cá para fora... através do silêncio... deixa-o falar... calado...

Saudade

Saudade...
Incontornável...
Insuportável por vezes...
Mas é fácil contrariá-la quando se trata daquilo e dos que nos são próximos, quando a saudade não se torna doentia, porque existe a certeza do reencontro... tem um sabor amargo quando é inevitável, mas depressa se adoça quando se afasta... o abraço, o olhar, as palavras... ou então apenas o silêncio... e ela afasta-se. A saudade que deseja morrer nos momentos em que se torna exaustiva, quando quer prender aquilo que não deve ser evitado...
A outra saudade...
Constantemente inevitável...
Humanamente insuportável...
Essa saudade... aquela que se chama morte... aquela impossível de contrariar... aquela que se agarra a carne como espigões de ferro... aquela que rasga com a pele os pensamentos, os momentos dos que partiram...
Aquela saudade...
Insustentável...
Inevitável...

Dusk

O rio dança sossegado consigo próprio... vejo-o acalmar-se em passos largos numa valsa lenta... o sol põe-se à minha esquerda e despede-se com um esguio raio vermelho... sopra uma brisa... nasce um arrepio rápido que voa esporadicamente... o cigarro começa a extinguir-se... o fumo desfaz-se no ar em sopros leves... não resiste, não quer resistir... levanto os olhos para o céu... o miradouro arrebata-se em si... são os olhares que eu guardo... a ponte começa a brilhar... a noite escorrega-me suavemente pelos ombros... ela sorri... eu também... foi assim que imaginei, um dia, estes minutos... talvez eu apenas tenha saudades do que nunca vivi...

Esperança

o olhar... reconforto... dentro dos densos caminhos da tristeza, ainda respira uma coisa: o amor, a amizade: a esperança.

talvez seja a esperança, a mais pura e imaculada existência que o homem ainda nao corrompeu...a desistência que a vida pode trazer, é uma forma de corrupção da esperança... o abraço: o conforto: a confiança: a franternidade: a amizade... talvez seja esta a mais pura forma de esperança... o abraço... aquele que vive e perdura na recordação de quem alguma vez sentiu, que outro ouviu com o coração aquilo que a sua alma gritava... talvez seja, realmente e também a forma mais simples de esperança... mas não a mais redutível... porque por ser simples, e por nos ser dada a oportunidade de vivê-la... talvez nós, devessemos ler com o coração, tudo o que o abraço (o verdadeiro) pode carregar... a esperança, de que alguém ainda (nos) sabe escutar...

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Não sei onde te encontrar

Tenho saudades tuas... tantas e apenas com uma certeza... apenas perecerão no dia em que eu perecer também... há tanto tempo que não vejo os teus olhos, o teu sorriso inocente; há tanto tempo que não vejo o teu rosto, as tuas mãos; há tanto tempo que não te sei existir... não sei que força maior te levou, não sei que vontade altiva te tirou o respirar, não sei... não consigo saber... que foi das tuas palavras, dos teus sorrisos, do teu falar? Para que sítio distante partiste, sem ao menos me deixares ver-te essa última vez... perco-me tanto nos recantos mais retalhados da memória, e apenas te posso encontrar lá e tão longe... sinto a tua falta. Os dias passam e a tua presença desvanece-se como o tempo, e a força (que não possuo) começa a minguar e o teu rosto torna-se difuso, esbatido, borrado... o tempo não te deixa permanecer... leva-te como te levou um dia, para longe talvez (eu não sei) e a escolha não foi minha, não foi nossa... os teus olhos verteram as últimas lágrimas, sem eu as poder limpar... e o tempo levou-te, mais uma vez, como te leva agora... para um sítio onde ele já parou, um sítio onde o sol já se pôs, e as recordações cessaram... mas apenas aí... porque aqui, elas são um martírio... sem ti...

O cigarro

A janela está aberta. Fumo, demoradamente, um cigarro e aprecio a efemeridade com que o fumo que se depara com o ar desaparece sem resistência. Olho, e vejo a noite calma, silenciosa, e aprecio os momentos a sós... comigo. Os pensamentos cruzam-se e incansáveis e percorrem os caminhos da minha mente a uma velocidade incontrolável. É estranho... tudo é estranho. Lembro as caras que ja vi, os corações que já conheci, os momentos que já vivi... tantos ou tão poucos... e todos os que virão. Apago o cigarro, e quando este dá por finda a sua função, penso, que força será aquela, que consegue fazer duas pessoas que já percorreram um caminho juntas, parecer estranhas agora... que foi dos abraços, dos olhares cumplices de amizade e da compreensão? É tudo tão efémero como o fumo do meu cigarro... não resistem? Fecho a janela, tal como parece que essa amizade um dia já se fechou... eu não percebi que estava a acontecer... mas aconteceu... agora também já não quero perceber, mas queria conhecer a dita força que o provoca... gostava de a poder ver desaparecer, para não voltar a temer...

Porque te afastaste?

O nevoeiro era demasiado denso, e eu deixei de te ver... perdi-te, para não mais te encontrar... os teus olhos tornaram-se baços à medida que olhavas para trás, e te afastavas lentamente e ao mesmo tempo tão rápido... perdi-te por entre as fracções rápidas dos segundos e por momentos desejei não te voltar a ver... o nevoeiro adensou-se, e o teu rosto impávido empalidecia, como tu o desejavas, porque te afastavas, porque uma força maior do que a minha vontade te puxava para longe... bem longe... para um sítio onde eu não posso entrar, e não desejo entrar... para um sítio onde aquilo que paira no ar, são os sonhos destruídos que perdeste um dia... porque te esqueceste... esqueceste quem eras, apagaste-te como uma brasa se apaga e arrefece quando uma fogueira se apaga. Viraste-me as costas, e abandonaste o caminho que ambos percorríamos, e eu não te impedi, porque o nevoeiro era demasiado denso, porque a minha força falhava... porque me esqueceste, apenas...

Adormecido

Contaram-me uma história, de que algures, existia alguém que durante a noite, preteria o sono, para poder contemplar as estrelas, para as poder admirar desde o seu primeiro raiar até que se se escondiam quando o sol nascia... alguém que via nas estrelas o único momento de repouso, porque elas escreviam-se umas com as outras, dando-lhe a ler as cartas que na realidade ele nunca leria... criavam as palavras que ele nunca ouviria, davam-lhe o silêncio que ele nunca conheceria... as cartas que esperava receber, com o seu nome gravado a fogo, e a data da eternidade. Não fechava os olhos, não se deixava adormecer, porque tinha muito para ler... a esperança não desaparecia. Um dia as palavras apagaram-se assim como os remetentes, e ele adormeceu. Esperara a eternidade pela palavra, que apesar de tudo não lera, pelo silêncio que apesar de tudo, não chegara... adormecera na eternidade. Deixara, porém, uma carta escrita. Com letras gravadas a tinta, e não a fogo, e a data de um dia qualquer, e não da eternidade. Uma carta, dobrada na mão, com o calor de uma paixão que demorou todo o sempre a não existir...

Sono profundo

Escondes-te por entre as fracções súbditas do tempo, em cada segundo, em cada batida. Agarras os sons dos ponteiros dos relógios gigantescos do sítio onde não há tempo, para que eu te possa ver para sempre. Seguras-te bela e repousas em paz nos suspiros das horas que se vão, nos minutos que partem. Não os sentes passar na infinidade dos momentos a sós, dos momentos marcados e gravados em ti por cada um dos segundos em que respirei a teu lado. Despes os teus preconceitos em canções altivas e o desespero sumarento do teu amor faz-me acordar. Num sítio onde o tempo não passa, tu deixas-te ser minha para sempre. Corres nas estradas feitas pelas horas cansadas de correr pelos dias da vida, pelos caminhos do mundo. São as marcas do tempo que já não existe, que nunca, deveras, devia ter existido. Rasgas o tempo, o mundo larga-se em ti, e num momento eterno deixas-te cair no sono dos passeios infinitos. Dormes descansada onde ninguém além de mim te pode ver. O orgulho do deus tempo faz-se sentir nos soluços inconstantes do vento. Um vento que sopra sem pressa, sem força, sem tempo para morrer. Como poderias dizer adeus a alguém que jamais saberá o que é desaparecer no tempo, a alguém que viverá na eternidade de duas palavras, para sempre?

Agarras-te com força à minha pele nua, e rasgas em mim os segundos que perdemos na infinidade do espaço. Agarras-te na força do desconcerto mais profundo e arrancas-me o pulsar do sangue nas veias, para te poderes embriegar na ternura da paixão. Deixas a luz entrar na escuridão da imortalidade, e perdoas o tempo que já te marcou. Levas nas mãos, carregas nos ombros cada um dos suspiros dos minutos em que choraste por mim. Para sempre eu marquei o teu corpo, e para sempre tu levaste a minha alma. Para o sítio onde o tempo jamais existirá. Sempre existe na imensidão temporal da existência racional, mas não nas largas ondas do tempo sofrido a chorar... por amar. Soltas os beijos mais profundos de ti, e gritas ao vento o choro mais profundo da incompreensão. Então eu grito do outro lado do mar para me poderes ouvir. Gritos desgarrados por ti, que sofres além das barreiras de mim.A chuva cai intensa, nos sítios onde o tempo já não passa. Mantém-se suspensa em si, e deixa-nos passar por entre as suas cortinas frias. Então eu arrasto-me para perto de ti, e derramo em ti o meu olhar escuro. Encostas a tua cabeça perto do meu coração e sente-lo descontrolar-se no descompasso do tempo. O tempo já não existe. O tempo já partiu. Tocas-me a mão, e eu estremeço em ti, tu aqueces-me a cara fria, e eu caio para ti. Quebras as prateleiras que seguram os vasos vazios do tempo, e tiras de ti o limiar da tua existência. Dobras-te sobre mim, e eu sucumbo ao poder do teu olhar. Tocas-me mais uma vez, e na incongruência do tempo que passou, eu saberei que para sempre, em ti, eu existirei.

Sono

Sono... as pálpebras pesam, como que puxadas por uma força maior que a própria vontade... os olhos que descansam no comodismo da permanência da não mudança... na insolência da preguiça... (os olhos) que aceitam a derrota de todas as batalhas... e que mais poderiam ver esses olhos? existirão aqueles que verão mais de olhos fechados do que muitos de olhos abertos... mas esses, terão a oportunidade que os restantes não terão... a escolha: à vida...

Onde estás?

Estende-me a tua mão. Quero percorrer com meus dedos os caminhos que elas traçam. Quero tocar-te. Quero segurar-te e guardar-te, quero-te então e apenas. Estende-me o teu braço. Quero acariciá-lo, quero agarrar-te contra mim, e fundir-te na minha pele. Quero o teu cheiro, e quero-o intensamente. Quero devora-lo em largos sorvos de paixão. Quero provar com sofreguidão a tua pele doce, e embriegar-me com a essência do teu existir. Quero controlar a tua respiração para poder sincronizá-la com a minha, para quando a tua parar, cessar a minha também, porque sem a tua, a minha seria apenas pó.
Abre os teus olhos, e derrama a sua luz no meu corpo apagado. Quero vida [a que tu me podes dar]. Quero-a tanto. Pousa a tua boca sobre o meu pescoço, e faz-me estremecer com o toque dos teus lábios. Figura quente e mítica do teu prazer. Quero sentir o calor voltar ao meu corpo. Preciso do teu. Preciso de ti.

Fui eu que (te) sonhei. Aqui. Agora. Para mudar a minha cor cinzenta, e inundar-me de luz. Foste tu que (me) desenhaste. Para ti. Aqui. Agora. Faz-me viver. Dá-me o alento. Quebro a (minha) pele fria de pedra e toco-te. Rompes as amarras que me prendem ao frio. Perguntas-me se (te) quero. Olho-te. E sim... eu quero.

A chegada

A lua vai minguando
Enquanto sou embalado pelo teu canto
Cantas estrelas, sonhos, sorrisos
Na profundeza dos teus olhos, o brilho......
de uma luminosidade rara
Uma eternidade por ti esperara
Pela efemeridade de um beijo quente
Dás-me força, dás-me alento...

Enquanto soltas um suspiro
...... lento...
O caminho pelo qual esperas
...... chega...
E com ele, eu, e o momento
Pelo qual esperámos os dois no tempo
No sussurro, o vento...
...que nos aproxima
E nele o segundo eterno em que nos olhamos
E o abraço rebenta
Como uma onda sedenta de um amor
Liberto…

Fade

Fade In...

Silêncio, as nuvens cerraram... o portão abriu, e o nevoeiro cansativo entrou... nada é simples, nada é silêncio, e tudo é vazio. O calor não chega e o frio teima em permanecer. as janelas fecham e deixam apenas o escuro ficar, não há luz, não há solidão. Existe tudo e apenas nada. As armas rebentam num grito surdo, e também a solidão parte para restar o vácuo da recordação. Torna-se tão simples de viver. É tão fácil abrir este portão para nada restar.

Silêncio, a chuva começa a cair... o portão fechou, e a imensidão do nada soou. Esta força imensa que no vácuo consegue ser ouvida, enche esta sala pequena de dimensões infinitas num estalido vibrante. E a surdez (também ela) partiu. Que ficou? A força demorada de um minuto infinito calado. O amor desvanece-se tolhido na combustão fria da ignorância. Porque te foste... e nada restou.

Silêncio, só eu fiquei... eu e o nada. E do nada subtraímos o tudo e o zero infinito voou com as asas escuras do destino, que também desejou partir. Fiquei eu e o nada, o tudo da insatisfação. Sobrou o peso de uma tempestade vizinha, que também ela cansada, se deixou adormecer num recanto desta sala, e lá ficou, em pó transformada, a fazer-me companhia, esquecida de si, perdida de mim.

...Fade Out

Imortalidade

Passeei-me por onde há muitos séculos ninguém passa. Sentei-me onde há muito ninguém descansa, e sorri onde a imortalidade há muito não me deixa chorar.
Fui rei, escravo, pastor, escritor, homem. Perdi a alma, onde há muito tempo outros também a perderam. O caminho continuou mas eu parei. Parei e encontrei-a sentada, onde também há muito tempo ninguém descansava. Perdera a alma. Sim, perdera-a onde há muito, outros também a perderam. Porém. Ela não sorriu onde há muito tempo ninguém chorava.
Fora mulher, actriz, feiticeira, rainha, escrava. Escrava de uma imortalidade que a deixava ver aquilo que há muito tempo ninguém via. Viu. Ouviu. Sentiu. SOFREU. Sonhou, acordou, morreu e viu-se imortal. Procurou onde há muito ninguém procurava. Mulher, mãe, rainha de um sítio onde há muito ninguém reinava. Viu-se coroada, com pompa. Viu-se brilhar num palco e viu-se aplaudida. Chorou. Sorriu. Mas agora. Agora senta-se onde há muito ninguém pára. Enfeitiçou um milhar de homens, sorriu-lhes a todos. Embruxou-os, desafiou-se a conhecer os recantos do inconcebível. Voou mais alto que a própria altura, desafiou os limites do verídico.
Foi escrava. De um amor. Não respeitado. Foi escrava de um amor, que se tornaria imortal. Foi escrava de si, e do seu ser igual a alguém que não existe há muito tempo. Um amor por mim.... ele... eu. Uma marca escarlate, marcada por alguém que há muito já cá não está. Uma marca de carne, um amor de tédio milenar.
Não me reconheceu. Não a reconheci. O nosso passeio continuou na eternidade. Fui rei, governei. Fui pastor, cuidei. Fui escritor, sonhei. Sou homem, sou escravo da minha existência, da minha imortalidade. Cruzámo-nos. Sentimo-nos. Morremos, imortais.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Quero-te tanto...

Quero tanta coisa para mim e no fundo não quero nada de mais...

Quero ouvir-te falar para o resto da vida
Quero escutar com toda a atenção cada vírgula e ponto final que usares
Quero ficar sempre envolto na névoa da pessoa que tu és
Quero ver-te sorrir, pular e dançar, bater palmas e adormecer
Quero que me fales baixinho ao ouvido e me digas coisas sem sentido
Quero que quando o fizeres me puxes bem perto para que os teus sussurros sejam como gritos
Quero adormecer com a tua voz no pensamento e acordar com o teu sorriso na cabeça
Quero-te e não me importa lutar contra tudo o que vier contra mim
Quero dizer-te que vales tudo isso
Quero dizer-te que vales ainda mais
Quero que percebas de uma vez por todas que te acho fantástica

Quero-te tanto...

Porque é o Nada

Dou voltas e voltas, começo sempre a escrever qualquer coisa e não me apetece parar, apetece-me continuar, mas há sempre qualquer coisa a falhar, há sempre um verbo que não faz justiça ao que quero dizer. Começo a escrever e sinto que não vai levar a lado nenhum, que as palavras não cabem dentro do que penso, que se eu tentasse sequer escrever-te como quem quer definir qualquer coisa, teria de gastar milhares de páginas ou provavelmente só um adjectivo, tudo dependia do que me apetecia dizer.
Caio no erro e penso que já disse tudo o que podia dizer, que já fiz tudo o que podia fazer (sendo que este tudo é nada), questiono o que há mais na vida para além disto e depois concluo que vida existe, mas não há viver sem amor.
Não há dias bem mais claros que os escuros só porque estou aqui, há sim raios de sol que nos são oferecidos muitas vezes sem se saber, há nuvens que desaparecem só porque tu respiras e o vento que isso provoca, afasta tudo do céu menos o azul que eu gosto de olhar.
Não há sorriso que se compadeça com a solidão de à noite adormecer a pensar que não há ninguém do outro lado, seja ele qual for, não há ninguém a adormecer a pensar em nós, não há saudades, não há necessidades, não há nada...mas fechar os olhos e pensar, mesmo antes de cair num estado profundo, pensar que estás ali, nem que seja do outro lado do telefone, ainda que eu não tenha dinheiro para te ligar... tu estás ali para me proteger enquanto durmo só porque pensas em mim.
Não há vozes que soem melhor do que outras, há uma monotonia geral naquilo que se ouve, uma cassete que teimo em não querer ouvir porque sei que algures, em qualquer lado, há alguém que vai saber cantar para mim como eu nunca ouvi ninguém cantar, porque há alguém que tem exactamente o que eu quero...e eu terei exactamente o que tu queres, porque tu estás por aí em algum lado, porque eu não tenho mapas para te descobrir, porque tu não estás à vista e eu nunca pensei que fosses tu, serás tu? Não sei quem é...nem eu sei quem sou por vezes.Dilema de nunca saber para onde me virar quando estás perto ou longe, dilema de nunca conseguir olhar com calma para as pedras da calçada e pensar que elas também, já estão no seu lugar há muito tempo a ser pisadas, porque eu não quero ficar parado no mesmo sítio, isolado de tudo o resto por um monte de argila, porque eu não quero ser pisado, porque eu quero sair e ter pedrinhas contigo, porque eu quero ter um sítio só para mim onde só tu poderás entrar, naquele mundo que eu nunca consigo distinguir. Quero que tu e só tu tenhas acesso aos meus medos, que sejas tu que entres com a luz dentro das minhas suposições e me dês certezas que eu não consigo ter, que os meus defeitos sejam para ti o melhor que eu tenho e vice-versa, as minhas qualidades que sejam só mais umas como quaisquer outras que eu não consigo disfarçar, prefiro que adores a minha teimosia e imaturidade do que simplesmente gostes do facto de eu ter piada, de eu ter uma alma que era capaz de se torturar primeiro só para experimentar e avisar como era...
Detesto quando não sei mais o que fazer, detesto olhar em volta e ver o mundo mais simples que eu consiga conceber, com aquela complexidade que eu sei que existe mas que prefiro ignorar, porque o próprio mundo se tornou um lugar simples, porque não existe a complicação de te conquistar todos os dias, porque não há flores que te possa oferecer se não sei quais são as flores que gostas, porque nem sei como olhar para ti sem me desfazer em mil bocados que gostavam todos sem excepção de ser colados por ti, os mil bocados que eu sou são como o puzzle que ninguém compra na loja, só porque é muito difícil.

Não há nada perfeito neste mundo mas tu consegues roçar o seu limiar, sejas tu o que fores ou que eu pense que podes ser, não sei e não consigo deixar de pensar que é o maldito mistério que mais me encanta nisto tudo, sem querer ser um sherlock holmes que no fim te vai descobrir morta em qualquer lugar, sem querer descobrir pistas que me levem a pensar que és louca...só quero saber...só gostava de saber se existia uma possibilidade, mas é como perguntar a deus se há justiça na morte de alguém, se há necessidade de tirar daqui isto ou aquilo, se isto nos faz falta e aquilo é imprescindível.

Como uma sombra que eu tenho na parede do meu quarto, como o tal caleidoscópio sem cores ou mesmo a impossibilidade de cheirar, sentir e provar, tenho-te enquanto memória fotográfica dentro da minha cabeça, tenho-te presa a todos os fios de que sou feito, tenho-te aqui e ali...mas na realidade não te tenho.

Instantes

É improvável que eu saiba se daqui a alguns segundos ainda estou vivo para respirar, nem sei se isso acontecer se te consigo imaginar uma última vez antes de fechar os olhos, se ao cair redondo no chão, pelo menos terei a ilusão de que os teus braços me podem amparar? Por não saber como é a palavra que vem a seguir a esta, porque talvez amanhã não amanheça...porque o momento é o que importa...queria que soubesses:

Que os teus olhos brilham tanto...
Que os meus seguem os teus sem cessar
Que é imparável o teu beijo...
Como um foguetão a cruzar o céu,
Como dois carros que colidem e se unem num só
Como uma bomba que deflagra e rebenta sem perdão
Que os teus braços à minha volta são fortes
Como um cinto de prazer e felicidade
Onde eu preso desejo que nunca me libertar
Só me apetece rir....tenho este sorriso na cara
A culpa é tua...
Embora nem sempre te fosse fácil acreditar nisso...
O sorriso está cá porque tu és assim
Porque te ris dessa forma tão incrível
Porque andas da maneira que andas
Com o olhar a investigar tudo à volta
Porque esses olhos brilham mesmo no escuro...
Enquanto a luz de um filme os ilumina
Pela maneira como tu falas
A atropelar as palavras umas nas outras,
Ou Então na forma mais calma que podes ter
Me dizes baixinho ao ouvido que está tudo bem...
Vai-se o barulho da cidade
Vai-se a luz que nos rodeia
Desaparece o som das ondas
Calam-se os pássaros...
Só te ouço falar
Só te ouço murmurar...
Deixo ecoar dentro de mim, deixo vibrar contra o coração...
Deixo que tudo volte ao silêncio
Para então sorrir e abrir os olhos
Fotografar o teu sorriso, marcar à força da emoção esta memória...
Nunca esquecer...
Nunca desaparecer
Nunca desvanecer...
Nós sabemos a verdade
Acreditar...
Ter fé..
Além..
Tu e Eu.

Aparição

Existiu um tempo em que tudo era silêncio. Onde tudo era escuridão. Um tempo inundado nas trevas da frieza e da tristeza. Um sítio, onde as estalactites vertiam as lágrimas da solidão e onde os caminhos estavam cobertos pelo denso matagal da ignorância. Uma casa, sem janelas e sem a luz do calor humano. Onde as portas estavam trancadas com uma chave desfigurada pela banalidade do sofrimento.

Foi então que chegaste tu, vestida de uma ternura estranha e quase estridente, como o som ensurdecedor da explosão de uma estrela, que embate no sol. O teu toque majestoso que abriu as janelas imundas de intolerância, numa paisagem coberta de cinzas, que o vento teima agora em afastar. A chave quebrada pela tua ilusão, funde-se no chão e em pó desfeita grita a cor para todas as paredes sujas e definhadas pelo tempo vazio de sinceridade.
Aproximas-te quase levitante, e apagaste a escuridão que vertia desta lâmpada apagada. Um sorriso breve e quase infantil. Condensou uma luz ténue sobre mim, e o cinzento pálido da insatisfação desvaneceu-se. E criaste à minha volta uma cúpula de cristal que se refinava como o pôr do sol, num instante efémero lapidada no mármore.

Foi este o instante que me deste. E que importa se durou apenas um segundo? Esse fotografia jamais será apagada nem esbatida pelo tempo. Essa guardo-a eu. E tu, quando a revelas. Esse instante. O nosso instante...

A minha luz e a minha sombra - Nós

Vi o reflexo no espelho. Quem era aquele? Aproximei-me. O ambiente estava pesado à minha volta. Uma luz morna iluminava o aposento, que possuía numa das suas paredes um grande espelho que o preenchia. Nada escapava ao seu olhar penetrante. Nada se conseguia olvidar àquela verdade tão irrefutável como irreal. Tão transparente como difusa. Tão enganadora como real.
Aproximei-me suavemente e aquele outro que era eu aproximou-se também. Afastei-me e ele afastou-se também. Ri-me. Finalmente tinha o poder de ordenar e ser obedecido sem questões ou hesitar. No entanto, eu sabia que ninguém me obedecia menos e tão literalmente ao contrário como aquela figura no espelho.
Aproximei-me mais e observei com um olhar crítico o rapaz. Por um momento fugaz desejei-o. Desejei ser como ele. Desejei ter aqueles olhos penetrantes, aquele cabelo suave, aquele corpo docemente curvilíneo, aquele lábios curvados e sensuais e aquela postura digna e confiante. O momento passou e eu voltei a olhar. E voltando a olhar, penetrei-lhe nos olhos e já não desejei ser como ele. Os olhos eram misteriosos, mas opacos, eram penetrantes, mas estavam envoltos num manto negro de solidão, eram inteligentes, mas viam demais, brilhavam, mas eram ingénuos, eram belos, mas eram tristes.
Deparado com o que não compreendia, ou talvez com o que compreendesse demasiado bem, desviei o olhar.
A música começou a soar.
Animei-me.
Comecei a cantar, sem ouvir as palavras que me saiam dos lábios. Deixei-me banhar naquela música comercial, com fraca sonoridade e melodia, mas libertadora aos meus ouvidos. As palavras que me soavam dos lábios e que eu não ouvia, da música que me soava aos ouvidos e que eu ouvia, cantavam a realidade sem a serem.
E aí o espelho voltou a mostrar o reflexo daquele outro que era eu.
E ele cantava. E cantando gritava a verdade. Gritava a verdade que soava aos meus ouvidos que não o ouvia. Exaltava a realidade aos meus olhos que sonhavam. Mostrava o que era a mim que não o era. Eu tentei evitá-lo mas ele não me largou. E continuou a berrar-me aquela verdade que eu não ouvia. E continuou-me a mostrar aqueles olhos que eu não via. E aquele que não era real, persistiu em continuar a mostrar-me o que era. Enquanto eu existisse ele ali permaneceria, mesmo que eu o tentasse afastar ele não ia, tal como uma sombra persistente que na sua negrura nos faz ver a luz. A sua voz que eu não ouvia e os seus olhos que eu não via, gritavam uma mensagem ao meu coração que eu não compreendia. Ou talvez compreendesse demasiado bem. Mas a mensagem não passava. Ficava retida no bloqueio do meu cérebro que se esforçava por a contrariar. Por ignorar aquele outro que desejava e que era eu. Esse bloqueio que ocultava o brilho e sufocava a felicidade. Esse bloqueio que era o que não era, e nesse caso existia, prendia-me a liberdade e debitava palavras com sentido que soavam sem alguma vez terem realmente chegado a soar.
Aquele outro eu tentou forçar o bloqueio. Uma, duas, três, quatro, cinco, cem vezes! Sem nunca desistir.
E aí a luz apagou-se e com ela o seu devaneio louco de lucidez daquele outro que era eu.
Porque nada existe sem a luz.
Apenas as trevas.

E do nada as trevas soltaram-se, como uma corda que não pode esticar mais e se corrói a cada milésimo de segundo, que vai rebentando, chicoteando, vibrando e levando o ar à sua frente, fazendo o vento assobiar baixinho e estalar por fim num corpo, numa parede, no nada que reside à frente. Os gritos instalaram-se da forma louca que instala a demência dentro de alguém, a voz não parava de apregoar a verdade... Qual verdade meu deus? Qual é a verdade que tanto me querem ensinar que eu não posso aprender em livros, em manuais alguns que haja perdidos em baús cheios de pó, que a vida não me pode dar porque eu sou uma alma perdida em mim, sou um farol que engoliu a sua própria luz, uma supernova de emoções catastróficas que se fundem...
Adeus, penso eu de forma exacta e sincronizada com o lento bater do meu coração, adeus mundo insignificante que ninguém quer explicar ou tentar compreender, qual verdade que está exposta nas caras dos dias e noites que passam, alguém me ajuda a fugir?
Não quero enfrentar as trevas que se soltam, que da sua prisão se libertam e me perseguem, mas elas correm sem fim atrás de mim, no meu encalço quase que as sinto bafejar-me a nuca, sinto o calor das suas mãos frias, tão frias que me queimam o corpo quando por vezes me tocam... Sinto tanto frio... Meu Deus... Pára!
Não vou pertencer meramente à sombra que tu representas só porque és a imagem que eu sempre quis ser, não vou cair nas armadilhas mais simples só porque julgas que eu caminho sem destino certo, como se a minha vida fosse uma floresta com nevoeiro, onde eu alma perdida tento de forma desesperada, encontrar um caminho de volta para casa.
Casa... Onde fica a minha casa, onde fica verdadeiramente o sítio onde eu posso olhar-me de volta e não sentir o peso da alma negra que me come por dentro? Talvez não exista um lugar assim...Talvez eu sonhe demais com a paz e ignore a guerra que dentro de mim se agita como um frasquinho de um qualquer composto explosivo...

Quero correr, não me agarres, cala-te e deixa a verdade que tu queres vender, deixa-a morrer no frio da geada da floresta que dizes que eu percorro, fica por aí, apodrece e morre na pobreza da tua perfeita imagem, eu não quero... Não quero... Não vou e não gosto de ti, não sou proporcional, não tiro fotografias perfeitas, não sei sorrir e não sei chorar... Só sei estar aqui e aproveitar os meus sentidos. Larga-me depressa e volta para o sítio de onde vieste, como um bicho assustado que foge da luz do Sol, deixa-me sofrer também... Deixa-me que aprenda a chorar sem ter de te imitar só porque tu fazes assim... Vai-te embora e não voltes a olhar-me nos olhos, não espreites... Não existas... Não me tortures mais... Por favor...

Tu és o outro lado do espelho, eu nunca sei bem onde estou quando tu apareces... Qual é o teu lado? Quando me falas dessa forma e me fazes sentir tão irreal, qual de nós é a realidade e qual de nós é a fantasia, qual de nós é o que chora de verdade e sendo assim... Qual de nós imita quem? Eu sou a Sombra, pelo menos é o que tu me chamas quando vens triste chorar para os meus lados, eu sou a imagem reconfortante que encontras do outro lado do espelho quando decides espreitar... Sou o sorriso à noite e a cara feia de manhã...
Onde tu existes... Eu existo, sem saber bem porquê ou como, basta-me saber que ainda assim, as tuas verdades não me servem… Vou saltar para onde se tu constantemente tentas saltar para aqui quando falas sozinho ao espelho? Quando agarras as tuas lágrimas que se reflectem na ilusão de que está ali mais alguém... Eu não sou nada, sou a sombra que nunca existiu, sou a verdade que ninguém consegue falar... Sou o outro lado do espelho, sou imitação... Cópia, alternativa, dissimulação e ilusão.
Tu és a vida e o sangue que corre nas veias, o cabelo agitado ao vento e a mão que percorre as paredes com a ponta dos dedos.
Eu... Sou apenas a sombra que te persegue e assombra.Sou as tuas trevas e tu a luz que foge de mim.

O Fogo

O mundo vai acabar por me consumir, quando um dia o fogo do que me rodeia, após nada sobrar, me encarar nos olhos e me disser que agora sou eu, que não posso fugir mais, que vem aí a chama e eu só poderei escolher como a enfrento, se a olho nos olhos como quem vê a própria morte ou se decido fugir, fechar os olhos e esperar que não doa, não magoe muito, até pode ser que nem sinta...

Tu és fogo que arde e que se vê, não faz sentido pensar que não há luz onde ela emana, não faz sentido pensar que não há calor onde ele brota, não faz fumo sem poder fazer fogo, porque tu ardes por aí na escuridão e eu quero olhar, parado, fixar os olhos enquanto tu danças sem sair do mesmo sítio, enquanto tu consomes tudo à tua volta, queimas oxigénio e eu sinto o ar a faltar-me, enquanto eu te peço que me reanimes e tu me vais queimar com os teus beijos, onde o fogo vai entrar em mim e nunca mais vai sair, vai queimar-me, marcar-me e atingir-me, resta saber se dói...

Não sei se queres arder, se preferes desvanecer-te, se preferes nem acender, não sei...eu não tenho nada que acenda, eu não faço fogo, eu não sou mágico, não sou quase nada senão mais um, apenas um que tem instintos piromaníacos com o teu fogo, que quero pegar fogo à minha alma contigo, que só quero ficar assim, mas tenho de enfrentar a escuridão para ver o fogo, a escuridão...que me traz só memórias de sombras a mexer, barulhos na minha cabeça e um nada. A sombra que percorro não tem luz alguma, tem ao fundo qualquer coisa que arde e que se vê, não dá para dizer o que é ou como é, arde e parece que chama por mim, por isso eu vou, sem dúvidas eu vou e eu fico, aliás...por isso eu vou e quero ver se fico, se me deixares ficar, se eu conseguir ficar... Mas tu queimas e não és de destruir, queimas porque é teu queimar, com a intenção de construir, com a vontade de viver e aproveitar tudo o que queres aproveitar...não gostas de quebrar e consumir, tens medo de me transformar em pó, também eu dispenso ficar reduzido a partículas, mas só o saberei se tentar meter a mão no fogo e ver se suporto a dor, ver se há algum problema em arder contigo...só ver e sentir...nada mais, como quem diz que isto fosse pouco.

Sei que não quero pisar o fogo, não quero que ele se apague e corra o risco de nunca mais acender, porque uma chama ténue é para ser tratada com cuidado, aquele cuidado que se tem quando as coisas parecem tão sensíveis que dá a sensação de nem estarem ali, só sabem a uma agradável sensação de engano...que não está ali nada, que é tudo fogo que arde mas sem se ver, porque há quem arda neste mundo, há quem pegue fogo e há quem goste de ver arder...mas nada arde assim...nada pega assim nem ninguém saberá nunca a calma que me dá, ver-te arder e crescer enquanto ardes...tudo porque me quero queimar e deixar consumir.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Penso

Penso no dia em que te vou conhecer. No dia em que se vão encontrar nos teus, os meus olhos perdidos.
Penso no dia em que mais do que me olhares, vais realmente ver tudo aquilo que eu sou, por dentro. Penso no dia em que não me vais mais ser indiferente, e no dia em que me vou tornar especial para ti.
Penso no dia em que vais ser mais eu, e eu vou ser mais tu. Penso no dia em que os nossos caminhos mais do que se cruzar, vão-se finalmente fundir num só.
Penso no dia em que vais entrar na minha vida, e em tudo o que vou querer fazer a teu lado.
Penso naquilo que te vou querer dizer, no que te vou querer perguntar, e em tudo o que vou querer que me perguntes. Penso naqueles momentos em que não vai ser mais preciso dizer nada, e naqueles em que o silêncio não vai estar presente.
Penso no dia em que finalmente vou conhecer o teu sorriso, e sonho com o dia em que possa ser eu a provoca-lo. E adoro desde já esse teu sorriso…
Imagino como será o teu toque, a tua voz, o teu sussurrar, o teu suspiro.
Imagino-me a contornar todas as formas do teu corpo que eu ainda não conheço. Imagino como será o teu corpo, o teu cabelo…
Imagino-te a passares as mãos no meu cabelo...Penso em como será o teu abraço, o teu beijo, o teu silêncio.
Penso em ti, e em como serei feliz contigo, penso em ti e em como anseio por te fazer feliz comigo.
Penso em ti, e espero sinceramente que não te demores…

Fechei os olhos

Fechei os olhos e esperei acordar num sonho teu.
Fechei os olhos e constatei que simplesmente tinhas acabado de acordar num sonho meu.
Fechei os olhos e sonhei que sonhavas comigo.
Fechei os olhos e imaginei-me pegar na tua mão ao de leve e a levar-te para um outro lugar distante, para um outro mundo de fantasia que não existe mais.
Fechei os olhos e vi-nos nesse outro mundo paralelo, só nosso.
Fechei os olhos e inseri-nos numa espécie de mistura perfeita entre a ilusão e o mistério, entre a magia e a alquimia, entre a fantasia e a pureza das coisas e a eternidade.
Fechei os olhos e sonhei não sair mais daquele lugar. Fechei os olhos e voltei-me a ver lá contigo.

Fecha os olhos e volta para lá comigo…

Open your eyes

Queria dizer-te que queria ficar contigo. Que juntos somos capazes, e que quando estou contigo sou mais feliz.
Queria dizer-te que acredito em “nós”. Que foste o meu amor de Verão eterno, e que soubeste sempre deixar presente aquele sentimento de magia fantasioso que eu não vou nunca conseguir deixar fugir.
Queria dizer-te que me fazes sorrir, não só por fora, mas por dentro, como poucos souberam até hoje fazer.
Queria dizer-te que é em ti que eu penso naqueles minutos antes de adormecer, mesmo que não pense em ti nem um só segundo durante todo o dia.
Queria dizer-te que és tu o responsável pelo brilho no meu olhar, e que é por ti que eu grito, luto, e choro.Queria dizer-te que te amo. Mas tu não me quiseste ouvir.

Uma luz na escuridão

Perdido no escuro. É assim que me sinto quando o Sol se levanta e o dia se apresenta. Os dias solarengos são, para mim, uma noite escura, uma noite sem estrelas. Um céu negro coberto de nuvens carregadas de nada, o vazio permanente. Viver no escuro, sem qualquer ponto fixo por onde olhar, nenhuma referência onde possa prender o olhar. A imaginação é o pouco que me resta; o pouco que não me chega, o pouco insuficiente que não me deixa satisfeito. Julgava algum dia poder abrir os olhos e ser cegado pela luz do Sol, a luz dourada de que tanto falam, o rápido reflexo num fechar de olhos. No entanto, mal abro os olhos para o céu, num dia de Verão, continuo a olhar fixamente, em busca de alguma diferença naquilo que vejo habitualmente. À procura de algo que não seja negro. Algum raio de Sol que furasse a cortina escura que insiste em manter-se à minha volta, ocultando tudo o que se passa em meu redor. Os dias assim são, atento ao mais pequeno ruído, um barulho mais alto arrepia-me os pêlos dos braços.
“O toque...”
O toque divino, a sensação debaixo dos dedos. O tumulto de sentimentos ao sentí-la aflorar a minha pele. As suas mãos, longos dedos finos e suaves, fadas que a cada toque despertam magia. O meu Raio de Sol, tudo aquilo que alguma vez desejara ver. Mas o véu preto abate-se sobre os meus olhos, impedindo-me de ter a visão perfeita.
Os cabelos sedosos, da cor do Sol.
O meu mundo diurno da escuridão transforma-se em tons de cinzento esbatidos ao caír da noite. Os olhos fechados, o corpo adormecido. É nesses momentos que vivo; vivo atrasado no tempo, é certo, mas a minha vida tem mais sentido nos meus sonhos. Apenas quando estou aparentemente inconsciente consigo recuperar parte do meu sentido perdido há muito. Consigo, nesses momentos, ter uma vida completa. Tudo o que se passa durante os meus dias obscuros volta para mim nos meus sonhos, mas desta vez, a minha vida é completada com alguma visão, pois embora só consiga ver a triste cor acinzentada, posso reviver os meus momentos de ternura, os tempos em que estou furioso. Poder ver as expressões faciais, os traços próprios de cada um.

Mensagens no vento

Quantas palavras te queria dizer, palavras que sinto mas não saem. Dizer-te os mundos que imaginei para ti, para nós. Gritar o que por ti sinto, sussurar o teu nome...
Saltar, abrir as asas e voar até ti, matar as saudades que o tempo criou. Chaciná-las até que sejam apenas uma vã memória coberta de pó. Ao despertar destes pensamentos caio em mim e descubro de novo que estás longe...

Longe... Mas tão perto da alma...

Abro a janela e peço ao vento que te leve uma pequena parte de mim. Peço-lhe que arranhe a janela do teu quarto, que rosne furiosamente, que solte uivos desesperados e ganidos submissos; na esperança que consigas entender todo o amor que por ti tenho...

Aqui comigo

Acendi a luz. Perdido no meio da tua ausência imaginei-te em cada bocadinho de sombra do meu quarto, vi-te no chão e nas paredes, nos móveis e no tecto, observei-te no global ao longe, e mais de perto preocupei-me em contemplar cada bocadinho de ti separadamente. Sem tempo, sem pressas.
Vi-te em cada bocadinho de luz que iluminava o meu espaço, senti-te presente para onde quer que olhasse, para onde quer que me virasse. Senti-te iluminar todos os meus sorrisos presentes nas fotos que tenho por aqui espalhadas, senti-te presente em cada olhar e em cada gesto meu. Senti-te presente aqui.
Apaguei a luz. Deitado no chão, já não eras a luz, já não eras a sombra, agora eras a escuridão que me abraçava e acalmava no meio do nada. Eras a minha segurança e o meu embalo. E como que por um sopro de magia senti-me quente, por dentro e por fora.
És a ponta do cigarro na escuridão, és aquela luzinha que permanece sobre o negro, és aquela certeza no meio do incerto, és aquele porto abrigo que deixa sempre um rasto de mistério e fantasia, és quem eu vejo agora à minha frente, és quem me sorri e me diz um segredo baixinho, és quem me tira as defesas e me abraça neste momento.

domingo, dezembro 26, 2004

Palco de um Sonho

O dia terminava confortavelmente com o meu corpo estendido na cama. Estava pronto para entrar em cena, subir ao palco onde o meu sonho teria lugar. Hipnotizando-me a mim mesmo, atravessei o portal na penumbra e iniciei a contagem dos sonhos, um após o outro. Desviando a cortina, avistei um sol brilhante que tentei abraçar. Vi-me coberto de folhas e flores, descalço, percorrendo labirintos de paredes que se moviam à medida que o meu corpo dançava e bebia a chuva, engolindo-a pelos poros. Colado ao chão, arrastei-me, de tão pesado que me sentia. Era eu, era água. Deslizei lentamente e arrefecendo, a minha pele pintada de verde esmeralda tocava as rochas que desenhavam a costa. Mergulhei no alto-mar, fui bebido pelos peixes e flutuei nas ondas até comer areia. Pisei cada grão como quem pisa pedras preciosas e guardei-as no meu coração, que um dia seria arrancado e introduzido num corpo que com ele estaria completo e fechado a cadeado, como um tesouro. O meu corpo vermelho seguia agora por canais desconhecidos e era violentamente projectado em movimentos que se repetiam. Eu permitia a Vida e o meu relógio sem pilhas nunca parava, oferecendo-me o tempo que eu desejava para extasiar-me com cada momento de adrenalina que sentia ao ser projectado. Ria, ria, ria como um louco, sempre olhando os ponteiros pretos do relógio, que de súbito revelavam uma pequena mancha de ferrugem que crescia a cada passo meu. Tive medo. Parei. Parou o tempo. Parou tudo. Fui novamente envolvido pela penumbra. Morri?

Uma gota

Perco-me na imensidão da noite que se veste em tons de preto e branco, trazendo consigo um passado. É fria e bela a visão que me chega através da janela aberta. O céu está encoberto e sente-se o cheiro a terra molhada. Mesmo na minha frente, cinco árvores robustas e imponentes dançam ao sabor do vento, dissipando o que está por detrás delas, mas ainda assim consigo entrever as colinas.
A estrada em alcatrão negro brilha com a água da chuva que cai. Cada gota vinda do céu, bem lá do alto, bem lá de longe tráz consigo a força que eu desejo. Não é apenas uma gota, é a gota que eu esperava, que cai aqui, bem á minha frente e morre na minha mão. Eu queria guardá-la numa folha de eucalipto para lhe conferir um aroma e assim não mais teria na minha mão uma gota de chuva, mas uma gota de perfume. Um perfume criado por mim, desejado por mim, num momento de serenidade e satisfação.

Uma onda rebentando aos nossos pés...

Vem amor, vamos sair de mão dadas
Sentindo o afago do sol, aquecendo-nos
Sentindo o carinho do vento, envolvendo-nos
Sentindo a curiosidade da chuva, descobrindo-nos
Vamos para mais perto...
Cheguemo-nos á areia, que nos faz sorrir
Fazendo cócegas nos nossos pés
Vamos para perto do mar...
Sentindo a sua vontade de partilhar connosco
Toda a frescura que é sentir uma onda rebentando a nossos pés...
De mão dadas sempre...
Enquanto sentimos
Enquanto vivemos e partilhamos
Todos os sentidos das coisas naturais...
Enquanto tudo nos chama para viver esses lindos momentos
Em conjunto... de mãos dadas...
Nunca vivemos nada sós...
O sol quer fazer parte do nosso sorriso
A chuva e o vento querem mostrar-nos que sentem também amor
E o amor deseja partilhar connosco as suas ondas
Dando-nos a frescura e alegria duma onda rebentando a nossos pés!...

Nós podemos ser uno

Se apenas fizer as minhas coisas e tu as tuas
Corremos o risco de nos perdermos um do outro
E a nós mesmos
Não estou neste mundo para viver de acordo com as tuas expectativas
Mas estou neste mundo para te valorizar
Como um ser humano singular
E para ser valorizado por ti
Só tornamos plenos na relação
Um com o outro
O EU separado de um TU
Desintegra-se
O meu encontro contigo não é por acaso
Encontro-te sempre
Que te estendo a mão!
Ao invés de deixar passivamente que
As coisas me aconteçam
Posso intencionalmente
Fazê-las acontecer
Devo começar comigo mesmo
É verdade
Mas não devo terminar em mim
A verdade começa com nós dois...

sábado, dezembro 25, 2004

Perdição

Eu gostava de olhar para ti
E dizer-te que és uma luz
Que me acende a noite
me guia de dia e seduz

Eu gostava de ser como tu
Não ter asas e poder voar
ter o céu como fundo
ir ao fim do mundo e voltar

Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço! O que é que me deu?
para gostar tanto assim de alguém como tu

Eu gostava que olhasses para mim
E sentisses que sou o teu mar
Mergulhasses sem medo um olhar em segredo
Só para eu te abraçar

O primeiro impulso, é sempre mais justo
É mais verdadeiro.
E o primeiro susto, dá voltas e voltas
Na volta redonda de um beijo profundo.


By unknown


Roubas-me um brilho dos olhos num qualquer vestígio teu,
perdido em algibeiras.
Levas "apenas" um brilho Inigualável, de toda uma Alma,
que já nem me pertence...

O meu abrigo

Olho-te e lembro contigo o nosso primeiro olhar, os primeiros gestos, as primeiras palavras, a face corada com o bater forte do coração.... Pinto o nosso quadro, uma simples tela, mas tão cheia de amor e carinho! Podia pintar o pôr do sol, ou a alvorada... mas quero tentar descrever as doces pinceladas suaves dadas num olhar... as cores quentes derramadas num abraço... a ternura luminosa que a tua presença transporta... Nem o pintor mais ousado, conseguiria colocar na sua tela, o amor que transportam estes doces momentos... Poderia tentar pintar nosso encontro como o nascer do astro-rei, tentar colocar estes últimos meses numa linda e doce tela primaveril! Um amor acompanhado pelo sol, cantado pelos pássaros, enfeitado com todas as variedades de flores, saciado com os rios e mares, mesmo quando passamos pelo deserto ardente... verdadeiro oásis no meio do desespero... mas um oásis real! Tendo como pano de fundo o céu luminoso.... ou o sol em pleno calor do dia... uma noite de chuva e tempestade... ou apenas o sol fraquinho de um findar de dias... quero apenas pintar uma tela... nela pinto o céu, onde te encontro tantas vezes em cada vislumbre saudoso... pinto a lua, que me guia até ti... pinto o sol, que tantas vezes te traz até mim... Mas não ouso pintar o meu amor, este sentimento sublime que nos une, esta paleta de cores indescritíveis... isso eu não consigo pintar... nem com palavras!... A ti... te entrego esta tela, simples... como eu... bela... como o sentimento que transborda em mim... infinita e verdadeira... como tu...

Palavras são insuficientes para expressar a grandeza dos sentimentos... digo-te simplesmente..

Don't walk away from me...


Olha pra mim
Deixa voar os sonhos
Deixa acalmar a tormenta
Senta-te um pouco aí
Olha pra mim
Fica no meu abrigo
Dorme no meu abraço
E conta comigo
Que eu estarei aqui enquanto anoitece,
Enquanto escurece e os brilhos do mundo cintilam em nós
Enquanto tu sentes que se quebrou tudo eu estarei
Sempre que te sentires só
Olha pra mim
Hoje não há batalhas
Hoje não há tristeza deixa sair o sol
Olha pra mim fica no meu abrigo
Perde-te nos teus sonhos
E conta comigo
Enquanto anoitece,
Enquanto escurece
E os brilhos do mundo cintilam em nós
Enquanto tu sentes que se quebrou tudo
Eu estarei sempre que te sentires só
Enquanto anoitece,
Enquanto escurece e os brilhos do mundo cintilam em nós
Enquanto tu sentes que se quebrou tudo
Eu estarei sempre
Que te sentires só
Eu estarei
Sempre que te sentires só

O amor é a história de uma longa espera...

O tempo vai passando
Nós vamos ficando
Tentando acompanhar algo
Que se escapa por entre os dedos
Os planos feitos e sonhados
Os desejos imaginados
As vontades concretizáveis
Contudo parecendo inalcansáveis...
Esta saudade que me fere
Mas me prende a ti ferozmente
Esta solidão que me ensina
A dar valor ao teu calor!
Este desejo de me entreter com tuas palavras
A vontade de me segurar no teu abraço
O querer estar perto de ti
Para sentir todos os sonhos alcançáveis
Para sentir que tudo o que imaginei
Pode ser verdade, sem por isso
Deixarem de ser sonhos!
Pois esperamos que sejam lindos
Como devem ser os sonhos!
Sonhamos, sem deixar que a vida
Perca o seu único sentido
O da fé, que me mantém
Com a mais linda alegria
De que é feita a minha esperança!

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Walk Away

Oh no
Here comes that sun again. And that means another day without you my friend.
And it hurts me to look into the mirror at myself.
And it hurts even more to have to be with somebody else.

And it's so hard to do and so easy to say.
But sometimes - sometimes,
you just have to walk away - walk away.

With so many people to love in my life, why do I worry about one?
But you put the happy in my ness, you put the good times into my fun.

And it's so hard to do and so easy to say.
But sometimes - sometimes,
you just have to walk away - walk away and head for the door.

We've tried the goodbye so many days.
We walk in the same direction so that we could never stray.
They say if you love somebody than you have got to set them free,
but I would rather be locked to you than live in this pain and misery.
They say time will make all this go away,
but it's time that has taken my tomorrows and turned them into yesterdays.
And once again that rising sun is droppin' on down
And once again, you my friend, are nowhere to be found.

And it's so hard to do and so easy to say.
But sometimes, sometimes you just have to walk away, walk away and head for the door.
You just walk away - walk away - walk away.
You just walk away, walk on, turn and head for the door.

By Ben Harper
É a minha musica favorita. Diz-me tanto...


I can't walk away... I won't walk away... but I'm so alone... please, don't walk away from me...

Atitude versus Futuro

Já repararam que passamos uma vida inteira a fazer asneiras? Ás vezes, por receio, fazemos precisamente o contrário daquilo que queríamos, escolhendo, desta forma, o caminho aparentemente mais fácil. Mas, no fundo, este caminho é o que nos irá trazer consequentemente uma trajectória de situações que, na realidade, não desejávamos. E perdemos assim tanta coisa que poderíamos ter ganho se somente tivessemos seguido o nosso coração e não os nossos medos.
Por isso é que tento lembrar-me, cada dia, de o viver como se fosse o último, ao extremo, nunca fraquejando ou temendo nada! Afinal se não fizermos nada por nós, ninguém faz! Os amigos podem ajudar, dar força, mas quando se trata de agir tudo depende de nós e, se não fizermos nada, o tempo vai passando... E nada muda, tornamo-nos apáticos para com o mundo, sem esperança... E para quê? Será prazer em sofrer? Não acredito...


"É preciso correr riscos. Só percebemos realmente o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça." - Paulo Coelho

She walks in beauty

She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o'er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling place.

And on that cheek, and o'er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!

What am I to you??


[ 1º poema em inglês ]

O que farás?

O que farás quando não te conseguires ver no espelho da realidade que tu és?
Vais fugir, gritar, chorar
magoar-te para além da dor
a fim de não te sentire
sou rastejarás no teu próprio sangue
ultrapassarás o teu limite
voltando á verdade que te agride
desfazendo-a nas tuas próprias mãos?
É a tua escolha
Não te prendas na ilusão
Procura aquilo que te possa dar uma razão...


Não sei mais o que pensar... não sei mais o que sentir...

quinta-feira, dezembro 23, 2004

O que eu sou..

Sou Aquele que tudo me entristece,
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquele a quem a Mágoa chamou filho;
O que aos homens e a Deus nada merece.

Aquele que o sol claro entenebrece,
O que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina, e aquece!

Mar Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão, como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!

És ano que não teve Primavera...
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!...


Minha alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecido...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastos:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Tu / Salva-me de mim

Cada vez que deslizas o teu ser
através do meu espaço de visão
Despertas em mim uma nova razão
Fazes-me acreditar que há algo mais
Para além de uma vastidão de simples mortais
intupidos por uma ansia cobarde de superioridade.
Somos ambos filhos da palavra
estamos corroídos por um rio de sensibilidade
procurando algo que nos encha o coração
Com toda a verdade, sinceridade e emoção...


Rapta-me
Não consigo fugir de mim
Não consigo escapar á prisão do meu íntimo, á possessão das palavras escritas que me parecem levar por um percurso interminável que não me oferece respostas, mas ainda me fecha mais em mim.
Mostra-me a saída porque eu não a consigo encontrar.
Pega-me ao colo e eleva-me até á profundeza do teu ser.
Salva-me porque é só em ti que confio.
Move-me porque és a única capaz de o conseguir.
Desperta-me antes que seja tarde demais...

terça-feira, dezembro 21, 2004

Alma vagueante

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez, porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa á noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minha alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

O que me fazes sentir

Quero achar um pedaço de mim em ti, algo que não me tire do teu pensamento, algemas de dependência que te prendam a mim, luas de magia girando á volta dos teus olhos ao me avistares, visões de paraísos florestais quando me beijares, silêncios de chuva ao me abraçares.
Olho para ti e vejo uma natureza pura e grandiosa, onde montanhas verdes emanam paz e as árvores aconchegam quem delas se aproxima. Sou filho da Natureza, faço parte de ti, não vivo se não estou perto daí. O meu pensamento está perdido no teu Ser todo o tempo e nada irá fazer-me parar de te querer em mim.


Debaixo da protecção que não me dás
Sinto-me aconchegado como um gato vadio
Procurando pelas ruas dum mundo vazio
Pela tua casa onde nunca estás.

Inclino-me sobre o possível segredo
que me guarda de todo este medo
Falas-me e prendes-me na ilusão
E perco-me de ti entrelaçado na tua mão.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Eu

Eu sou o que no mundo anda perdido,
Eu sou o que na vida não tem norte,
Sou o irmão do Sonho, e desta sorte
Sou o crucificado... o dolorido...

Sombra de névoa, ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendido!...

Sou aquele que passa e ninguém vê...
Sou o que chamam triste sem o ser...
Sou o que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Procuremos somente a beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

Angel of Dust

Há uma luminosidade em ti...sempre houve...
Uma cadência para a obscuridade tão intensa...
Acho que serias a única a entender...sinto-o...
Há uma onda de ternura e tortura em ti...
Isto nunca me deixa...esta repulsa por mim...este desejo de ti...esta vontade de fazer tudo diferente...
Mas não demos as mãos...não te fui diferente...
Não consegui mergulhar em ti...afoguei-me em nós.
Só quero descansar...hoje quero descansar...
Amanhã...afogo-me outra vez...mais uma vez...todas as vezes...
Amo-te...
Odeio-te tanto...
Porque não viste?Porque não vês?
Porque fechaste os teus e os meus olhos?...
Porque nos abandonaste?Porque não nos deixaste existir?
Queria tanto ser...Queria tanto que fôssemos...
Desaparece...Sai daqui...Sai de mim...eu não nos tenho...por isso não te quero mais em mim...vai embora...
Odeio-te tanto!!
Amo-te tanto...

domingo, dezembro 19, 2004

Bastava-me pouco...

Escrevo na areia tudo aquilo que um dia me fez sonhar
Lembro que a queda mais profunda pode alimentar
Para voltar a ter os olhos no céu
Às vezes temos de nos deixar cair
Olho-me e penso sempre
Bastava-me eu p'ra perceber
Para isso teria de me encontrar
Bastavas-me tu para ser, por fim
Para isso teria de te procurar
Sempre ouvi dizer que a única maneira de nos salvarmos
é descer ao fundo do poço p'ra poder voltar...

"...pintas o sol da cor da terra e a lua da cor do mar..."

sábado, dezembro 18, 2004

O futuro é hoje...

Faz-me desfrutar do presente, não me faças crer que amanhã será outro dia desconhecido cheio de ausencia, angústia e tragédia. Dá-me só este dia contigo, não te vás embora agora porque tudo se pode perder, amanhã poderemo-nos sentir diferentes. Não desperdices o que te percorre nas veias, o futuro é hoje não o deitas fora. Somos partículas de pó neste universo imenso e toda a nossa grandeza para além da matéria consiste neste espírito que possuímos. Dá-me um pedaço da tua alma e faz-me viver eternamente em ti. Vive livre neste mundo que te impuseram, a única coisa que podes fazer é transformá-la com o que de imortal tens em ti. Palavras, sentimentos, gritos, pensamentos... Não os feches em ti, deixa-os sobrevoar o mundo para que possam fazer parte do todo, torna-te infindável hoje, o amanhã não existe para já.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Freedom

Se somente eu conseguisse saber o que significas para mim, se eu soubesse definir o que sinto por ti, nada me faria retroceder, nada me faria tremer ao te ver, nada me faria cambalear ao andar.
Aquela paixão nocturna não foi suficiente para verdadeiramente te ver e conhecer. Há algo em ti que não me queres deixar saber, algo que me confunde e fascina, talvez um pesadelo interminável de agonia.
Anseio o dia em que te despires de segredos e pensamentos misteriosos, desejo ver a pureza e a realidade do que tu és,não quero mais perceber isso sem palavras, quero que mo digas, quero que te abras, quero ver-te livre, voando em mim com toda a verdadeira essência do teu ser...
O que acontecerá se me perder em ti?

quinta-feira, dezembro 16, 2004

That's me... That's Not me... Do U really want to know?

Fecho os olhos por uns segundos, procuro o Nada que imponho a mim mesmo.
Porque me faço passar por isto?
Há alguma razão para me rodear de trevas, caminhar pela chuva em dias de sol, sorrir ao vislumbrar tragédias e chorar quando alguém diz que não me ama?
Dou por terminado aquilo que nem começo, recuso tudo o que mais desejo, fugo daquilo que gosto, não sinto vontade de me levantar de manhã sabendo que me espera mais um dia de futilidadde e de frieza. Á Noite não me deito, considero a Noite demasiado preciosa para não a desfrutar.
Afogo-me em delírios extremos, com os meus semelhantes, por trás de bebidas inebriantes e de risadas esfuziantes e fico a pensar que só isso faz sentido. A ilusão da inconsciência provocada intencionalmente.
Faria tudo para arrancar esta mente obscura maldita que me aprisiona e que mata a minha vida sem piedade. Mas este corpo sem a mente não era eu...
Não é bom guardar momentos a fim de viver de recordações.
Não é bom recusar planear o futuro porque não acreditamos nele.
Quem me disser que alguma coisa é a mais correcta de se fazer, vou-me rir! Só lhe irei dizer:" Achas que estou errado? ACORDA!".

quarta-feira, dezembro 15, 2004

O que tenho cá dentro...Por ti

Atrais-me de uma maneira que não sei... Não consigo perceber se sinto algo por ti... Ou se não sinto nada...
E eu? O que sou eu para ti? Olhas-me com admiração, olhas-me com receio, olhas-me com desejo, olhas-me com resignação, olhas-me com indiferença... O que sentes? Aproximas-te... Afastas-te... Falas comigo... Não falas... Beijas-me... Ignoras-me...
O que é isto? Diz-me... Faz-me compreender e acorda-me... Com o toque da tua mão... Preciso de ti... Preciso de alguém... Alguém que me salve da apatia que me procura contaminar...
Não percebes que preciso de ajuda? Não me deixes aqui... Olha-me, chama-me, desperta-me... Ama-me... Sem pedir nada em troca... Pelo Ser frágil, sensível, poeta, intemporal que sou... Este mundo não compreende Seres como eu... Não gostarias tu de compreender?Prende-te a mim, perde-te em mim... Eu serei capaz de te amar... Não acreditas? Lê nos meus olhos quando os fixo nos teus...
Quero de ti algo mais do que o material... Quero a tua alma, o teu amor, os teus sentimentos invisíveis...
Odeio o superficial, o que é vulgar, o que já foi repetido inúmeras vezes... Para quê voltar a repeti-lo mais uma vez?
Vamos criar algo diferente?
Dá-me a tua mão...
E dá-te a mim...

terça-feira, dezembro 14, 2004

Incompreensão

Achas que compreendes
Tudo o que deu origem a isto
Pensas que percebes a causa,
a verdade que se esconde
por trás do pano de palavras
consequência de uma vida de chagas
que não se entende,só se sente
na minha pele e não na tua
Pensas que eu gosto desta decadência
Que desejo estar/ser assim
Não vês que esta é a forma de me libertar
de uma realidade que não me agrada
de enfrentar o Mundo como um cego
que nasceu para ver bem demais
Não procures alcançar a verdade
destas escritas perdidas
Pois nunca a terás...

segunda-feira, dezembro 13, 2004

That's all I need...

É o que eu preciso
De um corpo para esmagar
De uma razão para chorar
Do cheiro de um corpo extasiado
E de uns braços flagelados abraçados a mim.
Amo a fragilidade humana
E observar o horror espelhado nos olhos
dos que me vêm assim.
Desperto realidades
Influencio mentalidades
Odeio um mundo que não foi desenhado para mim.

domingo, dezembro 12, 2004

Letter for Someone...

Ofereci-te a minha mão.

Agarraste-a mas não o tempo suficiente para a conseguires prender em ti. Não conseguiste perceber nem tampouco alcançar a possível mudança que isso poderia trazer-te. Eu ficaria contigo se somente quisesses, se tivesses a coragem de te perder... Mas tu, simplesmente desperdiçaste, não deste valor. Terminaste o que não tinha sequer começado.
Após todo este tempo interrogo-me acerca da origem dessas atitudes contraditórias... Vejo agora em ti tudo o que um dia fui e o quanto perdi por isso.
Gostaste demasiado cedo antes de conheceres e conheceste demasiado tarde. No entanto fico grato por me teres feito sentir na pele tudo o que um dia fiz a alguém... Inconscientemente acordaste-me. Ao teu lado lembrei-me do quanto é inútil desperdiçar o Presente com pensamentos do Passado.

Não te queria roubar o coração, apenas conhecer-te. Precipitaste-te no vazio sem sequer tentares perceber o que sentia aquela alma que te olhou pela primeira vez no espelho da realidade que tu és.