Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Ouvi dizer



Que a paixão e o amor não conhecem fronteiras nem distâncias; que estes tudo podem e que o afastamento físico e as separações não ditam o seu fim.
Será mesmo assim? Ganhará o coração ou a racionalidade? Perderão ambos? Perderemos todos?
E se em vez do seu fim, estivermos a falar do seu início, como será? Como seria?

Só quero chegar a velho para poder olhar à minha volta, e ter-te a meu lado.
Que o desejo de dia de anos, de natal e para o ano novo se concretize.




[volto dia 2 - feliz 2007]

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Descontrolo total



O amor, flor delicada, sensibilidade esperada, desejo alcançado. O amor, espinho cravado, sentidos perdidos, angústia esbanjada. Perco-me entre as palavras de amor que te escrevo, entre os desejos que te confesso, entre a dor de te partilhar e a alegria de te desfrutar. Difícil este sentimento inexplicável em que te tenho sem te ter, em que és minha sem o seres.
Perco-me nos pensamentos que invento, nas magias que crio, na realidade que não comporto, e evaporo-me pela volatilidade de ser aquilo que o meu corpo não compreende, de desejar aquilo que não alcanço.
Silêncio, faço-me dele, encho-me de nada para te dizer o que não sinto, para te esconder o que não quero revelar. Quando se ama com a intensidade de uma tormenta, tudo em nós é exageradamente forte. Dos sentidos às reacções, do tudo ao nada.
Ficar aqui, afogado em mágoas, perdido em pensamentos destruidores, apago em mim, o que de mais terno sinto por ti, a loucura sufoca-me e eu deixo-me sucumbir ao momento em que tenho de te oferecer, ao momento em que te dás a outros, sem nada por fazer, sem nada por conter, deixo-me apenas morrer, esperando renascer para outro alguém que consiga, simplesmente absorver-me, que seja capaz simplesmente de me conter.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Solidão



Nestas noites
O ar e o sangue são de um silêncio espesso
Que me assusta
Plasma-se o negro da noite
E o frio das estrelas
Num rugido de fundo
E mais se acentua o silêncio sepulcral
Que me aconchega.

Nem que seja preciso sangrar
Para gritar de dor
Nem que seja preciso matar
Para chorar de arrependimento
Qualquer coisa, faço qualquer coisa
Para quebrar este muro cristalino
De silêncio.

Numa noite tenebrosa
O Silêncio soltou-se
E ganhou a rua
Uma a uma, todas as bocas se calaram
E todos os olhos cristalizaram
Os cães deixaram de uivar
E a lua, insultada, recolheu-se
Todas as ruas se fecharam
E no reino negro que o Silêncio conquistou
Uma sombra ganhou vida
E chamaram-lhe Solidão.

Matem em mim a esperança!



É tão difícil amar
Saber sempre o que fazer
Viver o eterno contentamento
Não ver nuvens no firmamento
Olhar uma flor
E sorrir de amor

Eu não quero amar
Quero ser triste
Constantemente infeliz
Quero viver isolado
Quero sentir a solidão
Tão real perto de mim
Como te sentia a ti

Para quê amar, sorrir, ser criança?
Mais belo é ser sempre velho
Não ter nunca horizontes
Livrem-me desta herança!
Matem em mim a esperança!

Quando voltas?

Hoje
O nascer do sol

Voltou a ser banal

Quando voltas
Para dar magia
A estas horas?






Se algum dia nasci
Foi para descobrir
Que não vale a pena
Correr atrás dos sonhos

Sou pequeno



A minha retina cansada percorre desertos inteiros,
A minha mente saturada recorda vidas já vividas
E o meu coração não se reacende nem um pouco.

O Universo abriu-se Vazio!

Foram anos de luta árdua para chegar aqui-agora
E não tenho um abrigo onde passar a noite.
Sinto que toda a existência é pó
Que se desfaz com a brisa leve.

Agarrado a este horizonte,
Cansado de correr para o ultrapassar
Sou varrido pelo vento
E nunca chego a sentir-me.
As construções, mesmo as mais eternas,
Desfazem-se por eu olhar para elas.

O Universo despiu-se Poeira!

Quando vejo tudo o que queria ser
É que sinto o pouco que sou.

Desejo



Que desejo de ser dois
Para nunca estar só.

Que desejo de ser tu
Para me fazer companhia.

Que desejo de ouvir
Para nunca falar só.

Que desejo de ser bom
Para expulsar o mal de mim.

Que desejo de ser forte
Para me apoiar em mim.

Que desejo de ser lúcido
Para me guiar claramente.

Que desejo de ser chave
Para me libertar das grades.

Que desejo de ser cobertor
Para me proteger do frio.

Que desejo de ser tumba
Para ter onde descansar.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Chuva



Neva no meu quarto
Lá fora não há sol
Lá fora só chove
Chove sempre que neva no meu quarto.

Chove e nos vidros
Pequenas pérolas brancas
Escondem a realidade
De não haver nada lá fora.

Chove na minha alma
E lá fora não há sol
Uma asa inconsciente parte
Para não regressar jamais.

Lá fora não há sol
E as nuvens pesam como chumbo
Na minha vontade de ser ave
No meu sonho de ser livre.

Chove! Ninguém sai.
Grossas gotas solitárias
Desprendem-se de sonhos
Que passam e não voltam.

Vem amor



Vem amor
Vem repousar teus olhos cansados do mundo
No meu colo.


Vem amor
Vem tocar os milhões de cordas ainda virgens
No meu coração.


Vem pela calada da noite
Ou no pino do sol
Tenho o coração posto como uma mesa
Para dois
A tua cadeira já está afastada para não custar sentar
E o pão fresco já está partido sobre a mesa
Varri a entrada e abri as janelas para entrar o sol
Vem que eu anseio receber-te.

domingo, dezembro 24, 2006

Sonho


Vou esperar que a lua chegue
Para te abraçar
Porque só quando a lua está alta
É que sabe bem abraçar-te

Vou esperar que adormeças
Para te beijar
Só quando adormeces
É que sabe bem beijar-te

Vou esperar que o mundo se esqueça
De ti e de mim
Que o mundo se esqueça de nós
Para te amar
Porque só quando o mundo se esquece
É que sabe bem amar-te

Vou esperar que aquela luz pendurada no tecto
Se extinga
Vou esperar que o burburinho das crianças na rua
Se acalme
E que os ruídos obscenos da vida das outras pessoas
Se dissolvam

Vou esperar que chegue aquela hora
Em que os sonhos campeiam as mentes
E os pesadelos assustam os corações
Vou esperar que chegue essa hora
Que é também uma hora de dor
Uma hora de morte
Uma hora de solidão
Para te procurar
Para pegar em ti
Na tua luz
No teu riso
Nas tuas mãos
Para pegar em ti e te levantar
Para pegar em ti e sarar esta ferida que trago nos olhos
Porque os meus olhos são duas feridas

Vou esperar que chegue o dia
Em que possa tomar as tuas mãos nas minhas mãos
Sem laços
Sem cordas
Sem algemas
Em que as tuas mãos sejam mesmo as tuas mãos
E não haja dor
Não haja mágoa
Não haja ferida que nos separe

Vou querer que um dia um palhaço ria
E esse riso seja sobre nós
Sobre mim e a tua vida
Sobre estes caminhos que se juntaram
Sobre esta pedra que esculpimos
E que colocaremos no adro daquela aldeia pequenina, perdida, abandonada
Onde juntos um dia tu e eu daremos as mãos
Livres de algemas
Livres de cordas

Vou querer um dia abrir a janela de casa
E ver no relvado
Cá em baixo virado ao sol nascente
E face ao rio lânguido e tranquilo que corre
Um riso de criança
Pintar o céu
Com as cores
Que tu e eu um dia sonhámos
Quando daremos as mãos livres de algemas.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sem intenção...



Nem a pessoa mais inofensiva está livre de, uma vez por outra na vida, entrar em conflito com as belas virtudes do respeito e da gratidão. Cada um terá, a dada altura, de tentar dar o passo que o separará da miséria e da infelicidade. Mas não teremos fundamento, se quisermos ter alguma segurança no passo que vamos dar? Toda a gente acaba por experimentar algo da dureza e da solidão, se bem que a maioria das pessoas pouco possa suportá-la e, pouco depois, torne a colocar-se sob alguma protecção. No que a mim respeita, ao tentar ter certezas para poder dar o passo rumo à tão famigerada felicidade, ela afastou-me aos poucos e tornei-me estranho quase sem notar. Atinge o fundo do coração e é praticamente insuportável.
Naquele lugar onde, não por hábito mas por pessoalíssimo impulso, depus o meu amor e carinho, lá onde, do mais fundo do nosso coração, fui discípulo e amigo, ali porém, sofro momentos amarguíssimos e tremendos quando, subitamente, julgamos perceber que a torrente condutora da nossa vida pretende afastar-nos da pessoa amada. Então, todo o pensamento que anteriormente foi formado, todos os sonhos arquitectados, se volvem contra o nosso coração como espinhos venenosos, cada golpe rechaçante atingirá o próprio rosto. Àquele que julgava transportar dentro de si uma moral conceituada, ocorrem-lhe as palavras «infelicidade» e «solidão», como estigmas vergonhosos; o coração, apavorado, refugia-se nos amados vales das virtudes pueris e não pode acreditar que esta ruptura, este corte de elos, igualmente deverá ser realizado.
Será que fiz assim tão mal? Só queria tentar perceber em que situação estavas...

E agora pergunto-me, de que vale sermos tão bons para os outros e espalhar a paz e a alegria pelo mundo, se quando tentamos ter alguma para nós, esta nos foge e nos escapa?

Estou mergulhado em plena escuridão. Não posso avançar sozinho. Ajuda-me!

Estrela



Certo dia, um rapaz enamorou-se por uma estrela. De pé, junto ao mar, ele estendia os braços e orava à estrela; sonhava com ela e dirigia-lhe os seus pensamentos. Todavia, ele sabia, ou julgava saber, que um corpo celeste não poderia ser abraçado por uma pessoa. Considerou ser destino seu, sem qualquer esperança de realização, amar um astro. Assim, partindo desta ideia, criou um modo de vida de renúncia e sofrimento, silencioso e fiel, que havia de torná-lo melhor e purificá-lo. Os seus sonhos, porém, eram todos dirigidos à estrela. Certa vez, de novo junto ao mar, estando no cimo da escarpa elevada, olhava a estrela, ardendo de amor por ela. Num momento de maior anseio, deu um salto e atirou-se para o vazio, em direcção ao astro. No entanto, no momento de formar o impulso, num relâmpago, e sendo ele um eterno pessimista, ainda pensou: na realidade, isto é impossível! Lá no fundo, sobre a praia, estatelou-se, ficando aniquilado. Ele não sabia amar. Se, no momento do salto, tivesse tido força interior para acreditar, firme e inabalavelmente, na sua concretização, e no amor da estrela por ele, voaria para o alto e ter-se-ia unido à estrela.

Fecho-me já na minha alma, julgando não existir mais amor.
O mundo deixa de existir. Já não vejo o azul do céu nem o verde da floresta, nem ouço o regato murmurar, a arpa já não é harmoniosa, os dias já não nascem bonitos. Tudo se parece desfazer. O amor consome tudo o que de mais íntimo possuímos.

Pensar, pensar, pensar



Ensurdeço a voz
E as palavras não me escutam
É urgente calar para conseguir ouvir!

Falem !
Nada mais quero, senão
o silêncio dos pensamentos

Falem !
Que não vos oiço…
A lucidez escapou-se
Escuto apenas a insurreição interior
em exercício

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Esperança



Um pouco de tudo,
para que o muito que fica
possa ser o tudo que é
...um momento único !

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Nascer ou morrer



A sede de beber fluidez de existência sobrepôs-se à Luz do silêncio. A secura alucinante de presença num outro lugar foi febre de desespero. Delirei mil vozes de cores diferentes. Implorei a vida. Pedi, gritei, ousei. Implorei o meu nascimento. Testemunho de fogo. Desafio pungente para uma alma ainda rotulada de espera. Fui eu que pedi. Lembro-me. Ainda escuto ecos de vozes sábias dizendo que antes de nascer teria que ser invento de alguém. Foi um impulso de raiva, de Amor ou talvez de vazio. Confuso desalinho à procura daquilo que nunca havia encontrado. Esperei a invenção que nunca teve projecto. Nunca lhe vi o plano. Mas não me detive à explosão cáustica de um grito de sufoco. Sucumbi ao silêncio completo que me tornava inteiro. Sentado em céu aberto espreitei. Não resisti, assimilei toda a minha essência num livro que ficou em branco á medida que foi lido. O papel da rebeldia foi cábula na página que consegui trazer comigo. Coragem ou medo, não sei! Apenas sei que o existir me foi oferecido muito antes de eu saber quem era. Aprendi ternura nas letras que me esperavam. O tempo passou por mim. Atravessei-me de vida e de vidas. Cresci comigo. Cresci ensinando-me a ser eternamente incompleto na metamorfose dos dias que vou ganhando. O triunfo foi ter crescido sem tirar os olhos da metade que sou. Crescimento lento e insatisfeito. Cresci. Mas cresci sem dar por isso…
Eu sei, fui eu que pedi para nascer...mas ninguém me perguntou se eu queria crescer…

domingo, dezembro 17, 2006

Paixão



Paixão. Sentimento raro nos dias que correm. Bem precioso que julgava extinto. Metal raro onde, por vezes, se forja o amor. É bom constatar que ainda seja possível encontrá-lo.
Fica a esperança sentida de um dia haver a descoberta de um filão...

sábado, dezembro 09, 2006

Devaneio

Porque a dor é dilacerante...
Cada dia em que não te vejo, cada momento da tua prolongada ausência, não é compensada pelos breves momentos em que te vejo.
Isso já não me chega.
Acordar a pensar em ti, adormecer contigo no pensamento, deixa-me confuso e ansioso. Pelos momentos em que te vou ver, te vou ouvir, te vou falar, te vou poder tocar.
As horas passam-se e tu demoras-te num silêncio mudo.
Quedo-me de toda a lucidez e apetece-me voar para junto de ti, estiveres onde estiveres.
Na tristeza caminho só.
Desamparado, caio em queda livre para um abismo, onde tu não te encontras. Mas será que me podias salvar?
Será que quererias?
A dúvida permanece, volve e revolve na minha mente sonhadora.
Como te posso conhecer há tão pouco, e o sentimento ser já tão forte?
Contigo, o tempo pára, mas logo foge. O tempo nada quer comigo. Atraiçoa-me.
Não há nada de novo. E esta inércia mata-me aos poucos. Mesmo antes de termos existido. Este mutismo que perfura tudo o que pensava ser seguro e me abala o que de mais íntimo tenho.
O que sou?
Neste momento muito pouco.
Abermo-me do nada.
E nada sei.
Encontro-me na escuridão, na escuridão de sempre.
Tu és a luz que apenas vislumbro por breves momentos, apenas de vez em quando. De menos para o meu gosto.
Mas já não sei se és uma luz que vem na minha direcção ou se foges de mim.
Eu sei que a meu ver brilhas cada vez mais intensamente, há medida que melhor te vou conhecendo, no entanto não sei se te queres fazer de lua cheia e me encher a alma e o coração, ou se te fazeres a cada dia, em eclipse total, até desapareceres por completo do meu mundo, da minha vida.
Será que és a luz que me conduz para o sítio onde vou finalmente encontrar a paz?
Não te quero deixar fugir, escapares-me dos meus dedos. Mas que posso eu fazer contra isso, se essa for a tua vontade?
E como é possível ter-me perdido nos teus olhos, em tão pouco tempo?



Desesperado por mudança, faminto pela verdade, mais perto de onde comecei?
Largo tudo a que me agarrei, antes de te conhecer, e quero ficar por aqui até que tu me faças mexer.
Esquecendo tudo o que sinto falta, completamente e por completo, só em ti consigo pensar, constantemente.
Nada mais há a perder, nada mais há a encontrar, não há nada mais no mundo que me pudesse mudar de ideias. Não há nada mais, para além de ti...
És a força que me mantém a andar...
És a esperança que me mantém esperançado...
És a luz da minha alma...
És o meu propósito, és tudo...
Como posso estar junto a ti e não ficar modificado por isso?
Acalmas tempestades, dás-me descanso.
Se me segurares as mãos, não me deixarás cair.
Levas o meu coração e todo o meu fôlego.
Deixas-me entrar no teu mundo?
Agarro-me a cada palavra tua, como se da última se tratasse. Mas não me importava de me sentar eternamente, às portas do céu, só a ouvir o teu respirar, e saber que estarias a meu lado. Era lá que eu queria estar, se lá estivesses a meu lado...
Tento olhar através das sombras da minha mente, para a verdade, e tento identificar as vozes na minha cabeça.
Qual delas és tu?
Porque neste momento existes tu e o resto das outras pessoas.
E sem ti, todas as outras pessoas morrerão, e o meu mundo desmoronar-se-à.
Prefiro seguir a tua sombra para o resto da minha vida, do que ter medo da minha.
Preferia estar contigo, preferia não saber onde estarei, do que estar sozinho e convencido de que tudo sei.
E o mundo continua a girar, o meu mundo está ao contrário, e eu não mudava nada, já nada mais tenho a perder. Já perdi tudo da primeira vez que te vi, e não, não mudava nada.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Dois corpos, uma só alma...

Na minha alma de menino, existe uma ruptura, por onde a loucura inconsciente escoa, o choque com a realidade da vida, obscurece-me a visão, e submerge-me nos sonhos onde me encontro em ti, e me completo.
Na ânsia de te encontrar, na espera eterna de ti e do teu olhar, tento fazer batota com os séculos, caminho um passo à frente de mim próprio, o mundo real afoga-me, e a fantasia sufoca cada uma das horas do dia, em que amanheço numa outra vida, num outro corpo, num outro mundo que não é o meu. Só me interessam os poucos momentos que estou contigo, porque para mim, eles significam tudo.
Nos meus sonhos, os nossos rostos soldam-se, na doçura dos nossos cabelos, fundem-se, mostrando dois perfis de uma mesma alma, os nossos rostos brilham duplos, tal como o dia e a noite, corro a teu lado sem saber, como se fosse a minha própria sombra, sou a chama incolor do teu Amor, recupero tudo o que semeaste nos cofres do tempo, preservo de ti, o que há de indissolúvel, sou a outra metade de ti, e de mim próprio, sou aquela parte que tu perdeste, e que reencontra o teu fundo em mim.
Entre a imensa multidão que nos rodeia, caminhamos separados, sozinhos e perdidos. Eu, encontro-me em ti, como tu, te procuras em mim, vagueamos rumo a nós, através do espaço e da eternidade que nos separa, e que um dia, nos juntará, porque nesta vida feita de momentos, apenas e só, o Amor é real...

Encontro...

Instantes de entrega em momentos que cessam o sonho, quando os olhos se abrem e nada vêm, quando a alma se encontra e se perde nas premissas que lhe são impostas, livre apenas na ilusão, solta apenas nos sonhos, vazia de entendimento lógico, perdida na solidão obscura de um Universo onde tudo faz sentido, e a razão é rainha.
Imortalidade de sentimentos guardados, sentidos apurados, encontros viajados, lições de esperança que se desvanecem e se perdem pela eternidade dentro, onde não existe matéria, onde somos uno, onde somos tudo, feitos de nada, e onde a luz que nos guia e nos preenche, é o brilho do Amor…é para lá que caminho, é lá que me vou encontrar contigo!

Reflexo

Num sonho meu, sonhei-te num espelho, onde o reflexo era eu.
No fundo dos meus olhos vi os teus, e nas minhas mãos, descobri a essência de duas almas imperfeitas, que buscam em si, a metade perdida nos caminhos da eternidade.
Na minha imagem sonhada, que és tu, li o seguimento da minha história, e encontrei o capítulo que faltava no livro inacabado que o Universo escreveu por linhas tortas.
No teu rosto, encontrei a Luz de um sorriso lindo, que é a continuação do meu, quando penso em ti.
No semblante que se desdobra em dois, nasce o impulso simultâneo da carícia, floresce o desejo ardente de união das duas partes incompletas.
A ternura entrelaça-se nas mãos que se procuram, a doçura derrama-se nos lábios sedentos, os corpos entregam-se ao prazer da sintonia eterna que os abraça, fazendo a magia do Amor acontecer.
Juntos, fazemos o encanto deste sonho a dois...
...tornar-se em pura realidade…

Sem palavras

De olhos perdidos olhando o vazio da noite, desta ilha sem nome, espero o dia seguinte, aguardo que a força do Sol rasgue a linha do horizonte.
Neste mágico e sereno mar de sentimentos que me separa de ti, consigo tocar-te, mergulhando-me nas águas cristalinas feitas de momentos, consigo respirar o cheiro da tua pele nas brisas que trazem a maresia de longe, e vislumbro o teu rosto no reflexo prateado que Lua cheia empresta à superfície deste oceano de ternuras e desejos.
Qual naúfrago desta paixão desmedida, mando-te numa garrafa, um beijo perfumado, embrulhado em todas as palavras que perdi, quando hoje te vi partir.

Ausência...

Todos os dias pinto de mil cores e formas as minhas letras, numa busca incessante da verdadeira essência que em mim existe. Inspiro-me nos traços ao acaso que a alma me segreda, quando rompo as paredes frágeis de uma dimensão paralela a esta.
Revejo-me nas palavras que me pingam dos dedos, como o pintor se revê no quadro, quando os seus olhos se tornam pincéis e o seu ser mais profundo se entranha na tela.
Escrevo nas cores que quero pintar a vida, escolho o brilho de um fogo imenso que não me queima nem me cega, cruzo ideias e espalho ilusões.
Deitado neste leito de verdades ocultas não desespero nesta tarde cinzenta que me roubou o encanto e me levou a magia. O meu olhar continua sereno, espreito a infinita janela do mundo, vislumbro o fim de mais um dia que me tinge a pele em suaves nuances de ausência.
Apático, deixo-me envolver na noite negra que me apaga por momentos, e aqui fico, quieto, perdido na resolução deste passatempo absurdo de saudade.
Nas mãos aguardo um novo amanhecer da alma que me traga de volta os sonhos, me acorde os sentidos, me desperte as emoções e te traga de novo para junto de mim em forma de encantamento.
Preciso de me dar, escrevendo…

Uma nova estrela

Uma nova estrela nasceu, do fogo perdido no céu. Com ela, agregam-se novas esperanças, com ela novos mundos se preparam para surgir. O espaço vazio foi inundado pela luz do seu nascimento. Dela brotou o calor da sua energia, catalizada do nada.
Harmonizam-se os elementos, a ordem celeste encarrega-se de alinhar os novos mundos que se agregam, aos poucos, a esta luz que a cada dia brilha mais intensa. Desenho, a traços de pincel, cada detalhe deste novo sistema. A cada mundo novo, recrio a imaginação.
Utopia, sonho, ou apenas realidade. Deixo voar os sentidos, e com eles levo o que ficou de mim. De asas estiradas, encaminho-me para uma nova morada, lugar mágico que detalhadamente desenhei.
Levo no bolso, um pedaço de esperança, carrego na mochila os sonhos esquecidos, e nos olhos carrego a réstia de felicidade, que me permitirá viajar, ao sabor do vento estelar.
Esta noite, se as nuvens da vida o permitirem, olha o céu, e notarás que há mais uma estrela que brilha entre a imensidão do escuro... é lá que me encontrarás, após cada dia. E, assim espero, um dia também tu serás uma estrela a meu lado.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Introspecção

De encontro à vidraça da minha janela, gotas de chuva reflectem o mundo lá fora, daqui vejo o mar de solidão onde navego, vejo o céu onde voo em sonhos, vejo o futuro que me seduz.
Queria voar daqui para além mar, sair e encontrar-me na imperfeição das coisas de que sou feito, inverter o olhar e ver-me entre a escuridão da alma.
Na ambiguidade do querer sinto-me bem na minha pele quando vejo o meu reflexo no espelho do tempo, quando saio de mim para me contemplar através dos olhos do mundo.
Não procuro no nada o muito que me falta, nem almejo o muito que espero dar, sento-me sobre os dias, espero que a mão do Universo me segrede ao ouvido as horas de viver, os momentos de serenar e os sorrisos que quero oferecer a cada pedaço que completo.
De rédeas soltas ao pensamento correm as fraquezas em frenesim desmesurado, em busca das forças que demais se esforçam em vão nos jogos inglórios a que me imponho.
A chuva que varre as ventanias do jardim que mantenho às portas da eternidade, lava-me as perguntas, refresca-me as memórias, limpa-me os olhos turvos e aclara-me a mente.
De sentimentos me faço, em loucuras me desfaço, em compreensões e indefinições desfolho as flores que fazem o livro que escrevo no silêncio da noite, sempre na ânsia de me encontrar entre as suas folhas.
As estrelas que não leio, são a lição, são a moral da história que não está escrita, são a inspiração que não veio a mim nos dias que não vivi, quando o Sol não nasceu e a noite caiu sobre mim.
Mas agora sei que existes, e talvez um dia nos possamos completar, e o mundo voltar a entrar em sintonia.
Nesta migalha de mim me dou o todo que já fui, nesta fatia de vida me entrego ao tempo, neste momento de Paz me entrego a mim...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Acreditar...

Renascer a cada dia que começa,
encontrar uma nova vida em cada amanhecer,
olhar as mãos
e compreender que é nelas que temos o mundo,
o presente, o passado, o futuro
e todas as possibilidades da vida...

Será utopia?
Será um sonho?
Será loucura?
Será uma ilusão á qual nos queremos agarrar...?

Eu não quero deixar de acreditar...

O sonho existe para nos fazer felizes!



(escrito na aula de matemática de hoje)

domingo, dezembro 03, 2006

Histeria

Perdido na mudez da multidão,
por vezes fico com a sensação que me rio completamente só,
numa sala vazia a chorar de paredes nuas...
De que me posso eu rir, afinal?
Oh...de tanta coisa...
Rio-me de mim mesmo,
do silêncio da solidão
e dos ecos das minhas próprias gargalhadas...