Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Estrela



Certo dia, um rapaz enamorou-se por uma estrela. De pé, junto ao mar, ele estendia os braços e orava à estrela; sonhava com ela e dirigia-lhe os seus pensamentos. Todavia, ele sabia, ou julgava saber, que um corpo celeste não poderia ser abraçado por uma pessoa. Considerou ser destino seu, sem qualquer esperança de realização, amar um astro. Assim, partindo desta ideia, criou um modo de vida de renúncia e sofrimento, silencioso e fiel, que havia de torná-lo melhor e purificá-lo. Os seus sonhos, porém, eram todos dirigidos à estrela. Certa vez, de novo junto ao mar, estando no cimo da escarpa elevada, olhava a estrela, ardendo de amor por ela. Num momento de maior anseio, deu um salto e atirou-se para o vazio, em direcção ao astro. No entanto, no momento de formar o impulso, num relâmpago, e sendo ele um eterno pessimista, ainda pensou: na realidade, isto é impossível! Lá no fundo, sobre a praia, estatelou-se, ficando aniquilado. Ele não sabia amar. Se, no momento do salto, tivesse tido força interior para acreditar, firme e inabalavelmente, na sua concretização, e no amor da estrela por ele, voaria para o alto e ter-se-ia unido à estrela.

Fecho-me já na minha alma, julgando não existir mais amor.
O mundo deixa de existir. Já não vejo o azul do céu nem o verde da floresta, nem ouço o regato murmurar, a arpa já não é harmoniosa, os dias já não nascem bonitos. Tudo se parece desfazer. O amor consome tudo o que de mais íntimo possuímos.