Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Nascer ou morrer



A sede de beber fluidez de existência sobrepôs-se à Luz do silêncio. A secura alucinante de presença num outro lugar foi febre de desespero. Delirei mil vozes de cores diferentes. Implorei a vida. Pedi, gritei, ousei. Implorei o meu nascimento. Testemunho de fogo. Desafio pungente para uma alma ainda rotulada de espera. Fui eu que pedi. Lembro-me. Ainda escuto ecos de vozes sábias dizendo que antes de nascer teria que ser invento de alguém. Foi um impulso de raiva, de Amor ou talvez de vazio. Confuso desalinho à procura daquilo que nunca havia encontrado. Esperei a invenção que nunca teve projecto. Nunca lhe vi o plano. Mas não me detive à explosão cáustica de um grito de sufoco. Sucumbi ao silêncio completo que me tornava inteiro. Sentado em céu aberto espreitei. Não resisti, assimilei toda a minha essência num livro que ficou em branco á medida que foi lido. O papel da rebeldia foi cábula na página que consegui trazer comigo. Coragem ou medo, não sei! Apenas sei que o existir me foi oferecido muito antes de eu saber quem era. Aprendi ternura nas letras que me esperavam. O tempo passou por mim. Atravessei-me de vida e de vidas. Cresci comigo. Cresci ensinando-me a ser eternamente incompleto na metamorfose dos dias que vou ganhando. O triunfo foi ter crescido sem tirar os olhos da metade que sou. Crescimento lento e insatisfeito. Cresci. Mas cresci sem dar por isso…
Eu sei, fui eu que pedi para nascer...mas ninguém me perguntou se eu queria crescer…