Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Introspecção

De encontro à vidraça da minha janela, gotas de chuva reflectem o mundo lá fora, daqui vejo o mar de solidão onde navego, vejo o céu onde voo em sonhos, vejo o futuro que me seduz.
Queria voar daqui para além mar, sair e encontrar-me na imperfeição das coisas de que sou feito, inverter o olhar e ver-me entre a escuridão da alma.
Na ambiguidade do querer sinto-me bem na minha pele quando vejo o meu reflexo no espelho do tempo, quando saio de mim para me contemplar através dos olhos do mundo.
Não procuro no nada o muito que me falta, nem almejo o muito que espero dar, sento-me sobre os dias, espero que a mão do Universo me segrede ao ouvido as horas de viver, os momentos de serenar e os sorrisos que quero oferecer a cada pedaço que completo.
De rédeas soltas ao pensamento correm as fraquezas em frenesim desmesurado, em busca das forças que demais se esforçam em vão nos jogos inglórios a que me imponho.
A chuva que varre as ventanias do jardim que mantenho às portas da eternidade, lava-me as perguntas, refresca-me as memórias, limpa-me os olhos turvos e aclara-me a mente.
De sentimentos me faço, em loucuras me desfaço, em compreensões e indefinições desfolho as flores que fazem o livro que escrevo no silêncio da noite, sempre na ânsia de me encontrar entre as suas folhas.
As estrelas que não leio, são a lição, são a moral da história que não está escrita, são a inspiração que não veio a mim nos dias que não vivi, quando o Sol não nasceu e a noite caiu sobre mim.
Mas agora sei que existes, e talvez um dia nos possamos completar, e o mundo voltar a entrar em sintonia.
Nesta migalha de mim me dou o todo que já fui, nesta fatia de vida me entrego ao tempo, neste momento de Paz me entrego a mim...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E é nessa paz que te encontrarás e encontrarás também quem contigo comungue!!
Um beijo meu

2:48 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

São nesses momentos de reflexão que nos encontramos e vemos quem e o que somos. É bom parar e mergulhar na paz interior. Beijos

4:01 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

18 anitos, né??!!
Não te(se) ofendas(m), ok?!
Quando tinha a tua(vossa) idade, também era assim, e escrevia assim (talvez não com tanto requinte, pois os tempos eram outros, mas com a mesma alma e profundeza que aqui demonstras).
O que somos??? Nada, absolutamente nada...meramente nascemos e acabamos por morrer (aliás como qualquer ser vivo...cá está, ser VIVO). Vejam as pedras, a poeira, a matéria não orgânica em geral, essa sim, se não é eterna, anda lá perto...passam, passam gerações e mais gerações, e o 'calhau' ainda lá está...mais desgastado pela erosão, mas ainda está e até que se torne pó, temos filhos, netos, bisnetos, trisnetos, etc etc, mas o gajo, ainda se mantém.
Olha, conheces por acaso Boris Vian?? Escritor surrealista.
As introspecções são boas e necessárias, são o reconhecimento e o parar do nosso ímo. Mas, POR FAVOR, não te desgastes com isso, pois digo-te por experiência própria, "não te leva a nada". Não conseguimos mudar o mundo e muito menos a mentalidade do ser humano. É uma mentalidade pecatória, egoísta e asquerosa...lutei contra isso (ou pelo menos tentei lutar contra isso), até aos meus 18, 19 ou mesmo 20 anos. Só que depois, "se não consegues vence-los, junta-te a eles".
E aliás, tenho-te sentido muito em baixo, muito melancólico e bastante "voador" e sonhador.
Apesar de já não teclarmos há algum tempo, no emule ou no msn, sempre vou dando uma espreitada aqui neste teu blog e hoje decidi escrever algo. Infelizmente são 17h30m, tenho de ir buscar a minha mulher e a minha filhota (cá está, como mandam as regras da sociedade), mas gostava de teclar contigo. Olha, um grande abraço e vive a vida, não te deixes levar por ela, OK?!
Um grande abraço do Kikas ou vilanagem, como queiras

6:32 da tarde

 
Blogger Rita said...

:D Adorei o teu blog. É puro oxigénio no meio da intoxicação em que andamos submergidos. A paixão que tens é única. Eu tenho 21, partilho os mesmos sentimentos, e custa-me, verdadeiramente, render às evidências do mundo, imutável e asqueroso de que fala o kikas. Vivemos numa eterna dicotomia entre o sonho e a realidade. É um assunto no qual escavo permanentemente, mas parece que não tem fundo.
Sem querer alongar mais, desejo-te tudo de bom!!
Beijinhos para ti e para os restantes leitores***

10:21 da tarde

 

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