Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

sexta-feira, dezembro 30, 2005

look in my eyes..
you're killing me, killing me!!

terça-feira, dezembro 20, 2005

(...)

o meu abismo não tem saída..

quinta-feira, dezembro 15, 2005

A Razão dos Eufemismos

Irrita-me profundamente a mania que agora toda a gente tem de abusar dos eufemismos.
Senão vejamos: Um gago, já não é aquele gajo que... que... que... demora imenso tempo a falar: é um individuo com desordens a nível da fluência.
Um estúpido é uma pessoa com dificuldades ao nível da aprendizagem e um grande estúpido, uma com dificuldades ainda mais acrescidas.
Já ninguém é bêbado neste país, mas sim alguém que sofre de problemas comportamentais ao nível da bebida.
Esse mesmo labrego alcoolizado também não dá todos os dias um enxerto de porrada na mulher. Ela é que é mais uma das vítimas de violência doméstica.
Isto, aparentemente divertido, tem levado a uma crescente desculpabilização semântica dos criminosos, dos ladrões, dos corruptos, dos violadores e até da actuação do Governo (que consegue albergar inúmeros exemplares de cada um destes grupos).
Neste país, ninguém rouba – desvia. Ninguém aldraba – defrauda expectativas. Ninguém aumenta impostos – toma medidas de incremento. E ninguém está mais uma vez a ir ao «eufemismo mais profundo» dos portugueses – está é a pedir um esforço de contenção e abnegação aos contribuintes. Por isso, não percebo porque é que noutras formas de insulto mais prosaicas ainda não substituímos o «Vai à merda» pelo: «Por favor dirija-se ao excedente alimentar mais próximo»”. Ou o vulgar «eu quero que tu te lixes e vás dar banho ao cão», por um «eu gostaria imenso que você aparasse as suas arestas antes de banhar o canídeo».
Da mesma forma que deveríamos deixar de dizer «Que grande corno que tu me saíste» e passar a exclamar «Você, sua vítima de adultério assumida e reincidente» ou até mesmo substituir o famoso « Tu és um grande filho da puta» por «A excelentíssima senhora sua mãe é a maior mulher de negócios que eu, o meu pai, o meu tio e o grupo de forcados amadores de Coruche já alguma vez conheceu».
Só assim, poderemos dizer que somos um verdadeiro país de eufemistas, que é como quem diz: uma cambada de paneleiros.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

A Razão do Labrego

País de longa tradição no desenvolvimento do labrego nacional, Portugal chegou a um ponto de saturação do número de labregos per capita. Dados recentes do INE apontam para que a população labrega seja neste momento muito superior à portuguesa. «Começamos a ter dificuldade em separar os portugueses dos labregos, uma vez que os primeiros parecem ter sido perfeitamente aculturados pelos segundos» afirma o responsável máximo por esta instituíção.
O Governo já admitiu ser maioritariamente constituído por labregos de 2ªgeração, não prevendo que a situação se altere nos próximos 4 anos, o que coloca Portugal no primeiro país europeu a ter uma maioria de população labrega, governada por labregos.
O impacto do nacional labreguismo já começou a sentir-se na economia nacional – é característica do labrego a completa ausência de noção de gestão, o despesismo descontrolado e tendencioso, uma compulsiva tendência de prometer uma coisa, fazendo exactamente o contrário, e a fuga a toda e qualquer espécie de imposto.
Especialistas internacionais no fenómeno expansionista do labrego, afirmam que o processo é irreversível e que dentro de poucos anos Portugal não terá portugueses. Sugerem ainda que se comece a mudar nome do país para Labregal.O número de escolas para labregos tem aumentado exponencialmente nos últimos 10 anos, com todos os inconvenientes que estas acarretam: taxas de insucesso escolar perto dos 100%, não pagamento de propinas, e uma tendência compulsiva de arrastões diários num raio de 2km em torno de cada escola.
O número de empresas labregas também aumentado, mas aqui a situação é menos grave porque, como se sabe, a duração de vida de uma empresa labrega é de um ano, exactamente o tempo que levam a esgotar-se os fundos europeus de incentivo à criação de empresas.
Estima-se um novo fluxo de emigração nacional com características muito diferentes das que assistimos na década de 60 do século XX: a mão-de-obra especializada e sem paciência para os labregos nacionais começa calmamente a abandonar o país.
Os labregos andam tão preocupados (fizeram contas e descobriram que os que ficam são todos uns labregos tesos) que lançaram esta semana o programa social “Adopte um Português”. Quem quiser ficar e ser adoptado por um labrego basta inscrever-se no centro de segurança social da sua zona de residência.

Cantem comigo o novo hino nacional: «Labregos do mar…»

terça-feira, dezembro 13, 2005

A Razão do Professor

Ao fim de tantas reformas de ensino ainda não perceberam que o que deviam reformar, perpétua e drasticamente, eram os professores?!? Está provado que na sua génese, o professor é aquele tipo de pessoa que não tem jeito nem talento para fazer coisa nenhuma, e que consequentemente decide passar o resto da vida a falar do que os outros fizeram. Enfim, um javardola pouco imaginativo. Senão vejamos: a sua capacidade de concentração atinge o limite ao fim de cada 50 minutos, findos os quais tem que ir a correr para um reduto (vulgo, sala dos professores) de forma a certificar-se que existem seres com o mesmo miserável destino e poder aguentar os próximos 50 minutos. Também não é por acaso que o professor representa a classe humana mais pavloviana que existe: só se mexe quando toca a sineta, e saliva que nem um animal (todos nós nos lembramos dos perdigotos que apanhávamos quando por azar ficávamos na carteira da frente). Depois é um ser que não aguenta os mesmos meses de actividade que outro qualquer trabalhador – embora diga que está atafulhado de reuniões, sabemos bem que, na realidade, está na taberna mais próxima a decidir o aproveitamento das suas vítimas entre copos entremeados de tinto e branco, conforme o seu estado de humor. E que dizer de um ser cuja função consiste em pegar num pedaço de giz que esfrega freneticamente numa ardósia negra e que tem como ponto alto mensal a reunião de pais? Nada, suponho. O facto de a maioria deles nunca saber onde vai ser colocado no país dá-lhes um modus vivendi cigano que se reflecte na maneira como instruem as suas vítimas: tudo é transitório (até a inteligência do próprio professor), e nada é dado como certo (nem a roupa interior que se vestiu no próprio dia). Outra coisa curiosa é que os professores nunca têm identidade própria: ou são prófes, ou setôres. Quais as implicações de tudo isto? Não faço a mínima ideia, agora uma coisa é certa - se porventura depararem com um blog feito por um professor façam apenas uma pergunta: oh professor, posso ir um bocadinho lá fora?

segunda-feira, dezembro 12, 2005

A Razão da Reencarnação

H e D viveram um tórrido romance de amor. Eram almas gêmeas, diziam eles. Apaixonaram-se aos dois anos de idade, algures em 1423, casaram aos cinco, tiveram aos doze o primeiro de 38 filhos, morreram trisavós jurando amor eterno.
H reencarnou numa foca no Ártico enquanto D, anos mais tarde, reencarnou num gnu em África. Depois H reencarnou num Panda na Ásia e D reencarnava num esturjão, algures no mar Ártico. O reencontro pareceu impossível durante gerações: H foi um crisântemo, um gladíolo, um rinoceronte com asma, uma avestruz com artrose, um golfinho com caspa, enquanto D foi uma galinha da Índia, uma vaca sagrada, um pinheiro bravo, e um jumento com gonorreia.
Um belo dia reencarnaram num homem e numa mulher. E reencontraram-se. Tinham ambos 20 anos. Voltaram a apaixonar-se perdidamente. Casaram. H tornou-se funcionário público e desatou a beber que nem um alce em época de cio. D trabalhava num escritório de contabilidade. Nunca tiveram filhos. H está preso por violência doméstica. D está com o braço esquerdo paralisado para o resto da vida.

É lixada a reencarnação...