Ouvi dizer
Que a paixão e o amor não conhecem fronteiras nem distâncias; que estes tudo podem e que o afastamento físico e as separações não ditam o seu fim.
Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...
Nestas noites
O ar e o sangue são de um silêncio espesso
Que me assusta
Plasma-se o negro da noite
E o frio das estrelas
Num rugido de fundo
E mais se acentua o silêncio sepulcral
Que me aconchega.
Nem que seja preciso sangrar
Para gritar de dor
Nem que seja preciso matar
Para chorar de arrependimento
Qualquer coisa, faço qualquer coisa
Para quebrar este muro cristalino
De silêncio.
Numa noite tenebrosa
O Silêncio soltou-se
E ganhou a rua
Uma a uma, todas as bocas se calaram
E todos os olhos cristalizaram
Os cães deixaram de uivar
E a lua, insultada, recolheu-se
Todas as ruas se fecharam
E no reino negro que o Silêncio conquistou
Uma sombra ganhou vida
E chamaram-lhe Solidão.
Que desejo de ser dois
Para nunca estar só.
Que desejo de ser tu
Para me fazer companhia.
Que desejo de ouvir
Para nunca falar só.
Que desejo de ser bom
Para expulsar o mal de mim.
Que desejo de ser forte
Para me apoiar em mim.
Que desejo de ser lúcido
Para me guiar claramente.
Que desejo de ser chave
Para me libertar das grades.
Que desejo de ser cobertor
Para me proteger do frio.
Que desejo de ser tumba
Para ter onde descansar.
Porque a dor é dilacerante...
Na minha alma de menino, existe uma ruptura, por onde a loucura inconsciente escoa, o choque com a realidade da vida, obscurece-me a visão, e submerge-me nos sonhos onde me encontro em ti, e me completo.
Instantes de entrega em momentos que cessam o sonho, quando os olhos se abrem e nada vêm, quando a alma se encontra e se perde nas premissas que lhe são impostas, livre apenas na ilusão, solta apenas nos sonhos, vazia de entendimento lógico, perdida na solidão obscura de um Universo onde tudo faz sentido, e a razão é rainha.
Num sonho meu, sonhei-te num espelho, onde o reflexo era eu.
De olhos perdidos olhando o vazio da noite, desta ilha sem nome, espero o dia seguinte, aguardo que a força do Sol rasgue a linha do horizonte.
Todos os dias pinto de mil cores e formas as minhas letras, numa busca incessante da verdadeira essência que em mim existe. Inspiro-me nos traços ao acaso que a alma me segreda, quando rompo as paredes frágeis de uma dimensão paralela a esta.
Uma nova estrela nasceu, do fogo perdido no céu. Com ela, agregam-se novas esperanças, com ela novos mundos se preparam para surgir. O espaço vazio foi inundado pela luz do seu nascimento. Dela brotou o calor da sua energia, catalizada do nada.
De encontro à vidraça da minha janela, gotas de chuva reflectem o mundo lá fora, daqui vejo o mar de solidão onde navego, vejo o céu onde voo em sonhos, vejo o futuro que me seduz.
Renascer a cada dia que começa,