Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

domingo, janeiro 23, 2005

Trovão

Um trovão que soa ao longe, na distância que se ergue, onde eu não vejo a luz e só ouço o murmurar já longínquo de uma voz tenebrosa. Calado tento pensar numa forma nova de abrir os olhos, que por agora estão cosidos à força de não conseguir encarar os dias com os olhos de frente, com coragem...como uma companhia de cavalaria a galopar ruidosamente colina abaixo, atacando e carregando. Dedico o corpo à explosão do trovão, ao estalar das fendas mais profundas da terra, que elas engulam sem pena ou qualquer tipo de clemência...o meu corpo que quer voar, que quis voar e foi obrigado a viver no chão, longe das nuvens. Grito e volto a gritar pelo castigo que me espera, estou farto de levar empurrões e de cair constantemente, levem-me de uma vez para o purgatório, onde a alma irá arder eternamente sem qualquer tipo de misericórdia. Nesse sítio onde posso chorar e as lágrimas de fogo a cair, queimarão de forma impiedosa o meu corpo já cansado de ser inútil, de ser a estrutura que suporta a alma escura...
No campo aberto onde a chuva cai incessantemente, que vai molhando o meu corpo até aos ossos, eu abro os braços ao mundo e fico em silêncio à espera da resposta ruídosa,sou uma vez mais a pergunta que não tem resposta... De pés descalços contra a relva, corro uma última vez pelo espaço aberto, de braços abertos e olhos fechados a sentir o vento bater-me na cara, viver a vida e experienciá-la sem limites até ao seu máximo, amar sem conhecer limites e correr tal e qual, de braços abertos e se for necessário de olhos fechados, para a felicidade que aguarda nos passos seguintes.
Por fim sou parte da paisagem, sou apenas eu e nada me destaca quando eu páro e o vento não sopra mais na minha cara.
Abro os olhos e peço perdão uma vez, por todos os erros que cometi na vida...
Abro os braços e espero a explosão....
barulho, vem aí e eu talvez tenha medo de partir, cravo as unhas na pele, choro, sal...água...sem destino...a descer, a cair, a molhar-me a boca...
O céu ilumina-se, rasga-se em luz e num milésimo de segundo...quase juro que consigo ver o lento andar de um relâmpago para mim, como uma mão divina que me puxa e me quer levar. Baixo a cabeça...aquilo era eu.
Sou partícula ou pó, sou isto e aquilo, sou uma alma que só queria voar e sonhar.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

[][][][] então voa!!

12:52 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Vim parar aqui, não sei bem como nem porquê... talvez num "voo" simplesmente.
Gostei do que li.
E por qualquer razão, um dia não possas voar, nunca deixes mesmo é de sonhar... pois aí, terás sempre o céu por limite. *

8:22 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

basta não deixares de acreditar.. digo eu.. não deixes então de amar sem conhecer limites, nem de correr por aquilo q acreditas e achas q te pode fazer voar...

bj***

10:57 da tarde

 

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