Não acreditava no que os meus olhos me diziam, por isso servi-me dos meus sonhos, descobri o que já sabia, e aprendi uma nova maneira de voar...

terça-feira, outubro 04, 2005

Folhetim nº 3 – A história de Zé Ro – A Infância

Passados três anos do dia do seu nascimento o puto já parecia maior que no dia em que nasceu e o pai começou a duvidar da traição da mulher. Bem, dizia ele, se calhar com o tempo o puto cresce. E assim foi!

Quando fez seis anos, já maior que aos três, o pai achou por bem matriculá-lo na escola, não sem que se tivesse discutido o assunto em família.

A mãe não concordava, mas as dúvidas passaram-lhe quando saiu do hospital e à chegada a casa o marido lhe perguntou se queria voltar a cair das escadas.

Dizia ela que o ganapo era muito novo e que não ia fazer nada para a escola porque não sabia ler nem escrever. Era um argumento de peso!

Mas o pai retorquia que a culpa era dela, que na família dela eram todos burros e que se não se calasse com aquelas merdas levava um murro no focinho para saber o que era bom para a tosse. Eram igualmente argumentos de peso!

O pai conseguiu fazer valer a força dos seus argumentos e lá foi o puto.

E foi assim que, quando terminou o primeiro dia de escola e o puto recolheu à sua mansão, o pai correu para ele, sacou-lhe o livro das leituras do saco das compras, abriu numa página à sorte e disse: Lê o que está aqui escrito. O puto encolheu-se todo e disse: Não sei ler. O pai olhou para o puto, para o livro, para o puto e disse: É mesmo isso que está aí escrito!? Tu não me mintas, caralho!

E a partir daquele dia o pai começou a respeitá-lo como pessoa com uma inalienável dignidade ética.